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Contos-->COPAS VIVIDAS -- 19/11/2006 - 05:02 (israel de paula lopes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Há duas semanas minha família comemorou o meu aniversário .

Dessa vez ao menos acertaram o ano .

Não posso exigir muito, pois quem conta o tempo como eu está sujeito a essas coisas.

Bolo de glacê verde e amarelo. Cantaram parabéns e eu soprei as velas.

Setenta e oito velas pelo meu registro de nascimento, mas eu nunca vou aceitar isso, por mim seriam só dezoito, já que há muito optei em deixar o calendário gregoriano e me ater ao elaborado pela FIFA, como referência ao meu envelhecimento.

Sempre achei melhor ter o meu relógio biológico regido pelas pernas tortas de um garrincha ou pelo talento jovem de um Kaká que pela ordinária passagem dos dias do ano.

É por isso que eu digo que não faço anos de vida e sim , copas do mundo vividas.

Enquanto fui o meu próprio técnico comemorei assim os meus anos, mas quando fui para o banco há duas copas meus filhos preferiram organizar esses amistosos.

Isso foi há 14 dias, antes da dor surgir. Uma dor pulsante como se eu fosse parir o rei das embaixadinhas. Fui ao médico e ele sentenciou: "aneurisma abdominal em risco de ruptura".

Acabei internado a poucos dias da copa!

Queriam me abrir em uma semana. Eu disse não.

Semana que vem começa a copa, não quero perder nada!

Chega a ser bom todo mundo achar que você pode deixar os campos, ninguém quer desagradar o futuro ex-craque...

Me deixaram escolher o dia da cirurgia...

Estou preocupado com essa chance de escalação para o time de São Pedro. Sei que sou a zebra dessa pelada contra a equipe do cara da foice .

Mas é ano de copa e se vencermos tudo será possível, até mesmo eu sobreviver. Só tenho que escolher bem...

Tenho uma teoria sobre isso , acho que tudo que houve com o Brasil desde 1930 foi de alguma forma influenciado pelo mundial.

Acho até que alguém lá em cima deve ficar de olho para ver se merecemos a taça .

Quando eu disse no bar que nós devemos o tetra aos caras-pintadas de 92, fui chamado de gagá.

Mas, por tudo que vivi, acho claro que a nossa vida é regida pelo apito dos deuses do futebol.

Em 1958, depois do Bellini erguer a Jules Rimet, eu ganhei um jogo de virada: Acertei no bicho, comprei uma casa e me casei com a minha saudosa Deolinda. Tudo num ano só. Em 1958 eu era um duro, a Deolinda estava noiva de outro e acertar um milhar é como fazer um gol do meio do campo.

A coisa estava feia, mas quando ouvi no rádio que tínhamos feito o quinto gol contra a Suécia, eu senti que a minha sorte ia mudar !

Essa copa me deu oito filhos e o primeiro não podia ter outro nome : Edson...

Lembrar disso me dá esperanças, pois não há doença que resista ao caneco na mão.

Mas sei lá, tenho medo desse ano ser como 1970, quando apesar da taça o MDB perdeu pro ARENA e o regime fechou ainda mais.

Mas como tudo tem um preço, lá se foram 24 anos de jejum. Castigo dos cartolas celestes.

"Hora do remédio, Seu Silva!".

"Enfermeira fala pro doutor marcar essa operação para depois da final da copa , se tudo der errado ao menos eu posso contar pra Deolinda como é que foi o jogo !"

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