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cronicas-->A Teoria do Bizarro -- 31/08/2004 - 13:18 (José Renato Cação Cambraia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
*Introdução*

A genética é mesmo uma coisa incrível. Você olha para centenas, às vezes milhares de pessoas num mesmo dia e todos são diferentes. Todo mundo tem olhos, narizes, orelhas, cabelo (bom, nem todos) e queixo. Mas é muito difícil você achar dois rostos iguais (com exceção óbvia dos gêmeos e dos clones que já devem perambular por aí). Como é que pode isso?
Na verdade, não quero tocar nesse assunto de genética porque sou péssimo em biologia. Só usei minha estupefação sobre a matéria para introduzir um assunto no qual penso há muito tempo e nunca tive coragem de compartilhar com ninguém até agora, com medo talvez de me acharem um louco ou um desocupado inútil. Mas, ao revelar recentemente minha teoria a um seleto público de sociólogos, num congresso em Itu, fui enfaticamente encorajado a expor meus pensamentos nesta coluna, a fim de compartilhar tão preciosa teoria com o mundo. Relutei um pouco, pois sei que minha idéia talvez não encontre entendimento nessa sociedade de cultura volátil e pouco apegada à filosofia social, mas acho que a humanidade não pode mais esperar!
Antes de qualquer coisa preciso que você, corajoso leitor que conseguiu chegar até este terceiro parágrafo, vá até os confins de sua memória e encontre, lá no fundo, o pequeno leitor que gostava de desenho animado. Bom, eu gosto de alguns desenhos até hoje (e fiquei gostando de outros depois de velho), e sempre gostei de analisar o comportamento humano paralelamente aos personagens de desenho animado ou de revistas em quadrinhos. Então vamos lá, volte um pouco no tempo e lembre-se do grande clássico "Superamigos", que passava nas manhãs da Globo (graças ao bom Deus, na minha época a gente não precisava de apresentadoras idiotas e programa infantil era simplesmente desenho atrás de desenho).
Os "Superamigos" era uma associação sem fins lucrativos de super-heróis da DC Comics: Batman e Robin, os dependentes do cinto de utilidades, o chato Aquaman, cujo único poder era atormentar baleias, a Mulher-maravilha e sua tanga azul cheia de estrelas, o Chefe Apache, que era um índio que ficava gigante, o Lanterna Verde, que tinha um anel com poder estranho que eu não entendia direito e, claro, o maior dos heróis, o invencível Superman. Para dar serviço pra esse pessoal, foram criados os supervilões, que também tinham especificações técnicas tão malucas quanto às dos heróis. Um deles, o qual me interessa nesse momento, era o mais poderoso inimigo do Superman: o Bizarro.
O Bizarro era um Superman que vivia no mundo Bizarro, onde tudo era equivalente à Terra só que ao contrário, ou torto, estranho. Para cima, lá é para baixo. Esquerda aqui, direita lá. O Mundo Bizarrro era um cubo. Dessa forma, o Bizarro era um poderoso anti-herói, forte como o Superman, mas burro, feio e todo esquisito, com um rosto cheio de arestas. O "S" no seu uniforme era ao contrário e ele tinha mania de conjugar verbos com o "mim" (tipo "mim vai te matar, Superman!", ou "Mim gosta Mulher-Maravilha").

*A teoria*

A minha teoria é que existe pelo menos um bizarro para cada ser humano desse planeta. Sim, quando eu digo todos isso iclui até você, meu caro leitor. E ele (seu bizarro, ou sua bizarra) vive por aí, não num universo paralelo, numa Terra cúbica, mas aqui, no mesmo planeta em que você e eu tomamos chá, comemos panquecas e lavamos nossos carros. Como num daqueles espelhos de parque de diversões onde você se reconhece naquela imagem grotescamente deformada e dá risada, mas com uma diferença crucial: o seu bizarro é real!

*Regras para bizarrice*

A bizarrice tem graus. Eu estabeleci que o nível de bizarrice varia de zero a cinco. Zero para o par que não tem absolutamente nada de correspondência bizárrica e cinco para o nível máximo. Por exemplo, o grau de bizarrice entre o presidente Lula e o Bush é zero. Mas entre o Lula e o Fidel Castro, o grau seria 1. Essa nota, contudo, não é suficiente para considerarmos o Lula o bizarro do Fidel (ou vice-versa). Mais adiante darei um exemplo de um caso de bizarrice entre famosos. O seu bizarro nunca trabalha ou estuda no mesmo lugar que você. É sempre do outro lado, da outra empresa, da outra escola. Na maioria dos casos, ele torce pelo time que você detesta, adora os filmes que você odeia, prefere o achocolatado errado, tem o carro da outra marca, usa o outro banco, assina o outro jornal acha os Simpsons banal (ops, esse deve ser o meu bizarro!) enfim, ele é uma versão bizarra de você mesmo!

*As 7 leis básicas da bizarrice*

1- Cada indivíduo tem pelo menos um bizarro (1a lei da bizarrice). - não há um limite superior para o número de bizarros que uma pessoa pode ter. Há relatos de pessoas que já encontrarm 12 bizarros. Numa pesquisa realizada há muito tempo atrás, eu e meus colegas encotramos 6 bizarros do guitarrista Mark Knopfler, do Dire Straits.

2- O seu bizarro (ou sua bizarra) tem o mesmo sexo que o seu (2a lei da bizarrice). Por definição.

3- A idade é aproximadamente igual à sua (3a lei da bizarrice). O limite para a diferença entre a sua idade e a de seu bizarro é de 3 anos e 4 meses.

4- Você nunca será amigo do seu bizarro (4a lei da bizarrice). A sua natureza não permitiria, uma vez que só de olhar para a cara dele você sente raiva. Na verdade, você sente que o seu bizarro é seu inimigo mesmo. Se, por forças não naturais, você e seu bizarro estabelecerem algum grau de amizade sincera, o Universo entrará em colapso.

5- Parentes nunca são bizarros (5a lei da bizarrice). - devido à óbvia influência genética. Um genuíno par bizarro não pode ter nenhum laço de família (cunhado não é parente, então é possível que você tenha o azar de conviver com seu bizarro nas festas de final de ano e nas finais do Paulistão que você comprou na TV por assinatura).

6- Todos encontrarão seu bizarro pelo menos uma vez na vida (6a lei da bizarrice). Se você ainda não encontrou o seu bizarro, sorte sua. Mas esteja sempre preparado, pois fatalmente isto irá acontecer.

7- O seu bizarro não sabe que ele é o seu bizarro (7a lei da bizarrice) - claro, ele acha que VOCÊ é o bizarro dele!

É importante salientar que o seu bizarro nem sempre é fisicamente parecido com você. Se isso acontecer, simplesmente o grau de bizarrice é maior, mas há casos de bizarrice de grau elevado onde o par não se parece em nada um com o outro. Um exemplo clássico desse caso é a bizarrice entre o Jó Soares e o David Letterman. Além do formato dos programas dos dois ser muito parecido (as bandas, a leitura de e-mails engraçados, a conversa informal com os entrevistados, etc.), o Jó é baixo e gordo e Letterman é alto e magro. Bizarrice grau 4, de forte caráter comportamental.

*Conclusão*

Não adianta fugir. Cedo ou tarde você encontrará o seu bizarro. A perfeita ordem do Universo se encarregará disso (6a lei da bizarrice). E naquele instante vocês se olharão, se encarando como dois animais em disputa pela fêmea no cio. Como dois gladiadores perante a arena surdamente enfurecida. Tensão, suor e raiva transparecerão pelos seus olhos, pelos seus poros. Mas o conflito nunca chegará a ser resolvido, o duelo nunca terá um final, pois vocês são como dois pratos numa balança que vaga pelo vazio do Universo, eternamente equilibrada, eternamente simétrica, eternamente... bizarra.



Renato Cação Cambraia já encontrou o seu bizarro (grau 4) e tem o azar de morar na mesma cidade que ele.
BECO - 24/08/04
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