Escuto o barulho da janela, corro para horta.
Ela não aparece.
Ligo o som alto, abaixo o som e escuto o seu cantar.
Imagino-a dançando.
Fico louco para ver o seu rosto.
Meu coração pede a sua voz.
Vou pro portão e o carro dela está lá.
Viro um sentinela.
Vacilo, e ela liga o carro.
Não consigo ver o seu rosto.
Maldito vidro escuro.
Ganho só um aceno.
Invento o seu perfume.
Os seus olhos redondos me cegam.
Uma canção entra em mim e me leva ao mercado.
Lá esta ela, linda.
Fico desnorteado.
Ela me cumprimenta formalmente.
Invento uma desculpa pra falar com ela.
- Você vende pratinhas?
E a dona do mercado – fala:
- Não liga não, ele é meio doido.
Ela dá um sorriso.
Tenho a sensação de escutar algum canto.
De repente ela sai correndo.
Fico sem ação.
Mas, ela volta correndo e diz;
- Achei mais umas de dez centavos.
- Você vende moedas?
- Ela ri.
- De agora em diante se quiser pratinha, eu também vendo.
- Eu não te falei que ele é doido.
Por um instante sou as moedas no meio das suas mãos.
- Você vai para casa?
- Penso. Claro que eu vou.
- Então vamos.
- Fico chateado o caminho é curto.
- Você gosta muito de música.
- Gosto.
- Eu também gosto, nosso gosto é muito parecido.
- Tchau! Iara.
- Iara?
Autor: Marco Túlio de Souza
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