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Artigos-->Mãe, ensina-me... -- 23/10/2002 - 10:59 (Quisera Jardins de Oliveira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
- Mãe, conta-me, ensina-me...

- O que queres ouvir, o que queres saber, minha princesa?

- Mãe, de que côr são as estrelas?

- Ora, princesa... as estrelas não têm côr. As estrelas são simplesmente cintilantes.

- Mãe, a "tia" hoje lá na escola zangou-se comigo. Eu pintei um céu com estrelas apenas cintilantes como tu dizes. Então ela olhou-me brava e disse-me:

- "Menina burra, não sabes que as estrelas são vermelhas?" Eu chorei e disse-lhe que as minhas são simplemente cintilantes.

- Ela olhou-me brava novamente e mandou-me pintar as minhas estrelas de vermelho.

- Mãe, eu não gosto de pintar as minhas estrelas de vermelho.

Causa-me mal estar, uma sensação quase que de medo, pavor até.

- Princesa, tu pintas as tuas estrelas da côr que quiseres, sempre! Não precisa ser de vermelho.

- Mãe, a "tia" disse-me que se eu não pintasse as minhas estrelas de vermelho, eu ia ficar sozinha, sem ninguém, num canto da sala.

- Não princesa, não vais... tu nunca estarás sozinha... se queres as tuas estrelas cintilantes apenas, elas serão pra ti, apenas cintilantes, percebes?

- Presta bem atenção, minha princesa, tu sempre terás as tuas estrelas da côr que quiseres, é um direito teu, inabalável, indelével!

- Mãe, de que côr é a esperança?

- Princesa, a esperança é da côr que quisermos que ela seja...

- Mãe, a "tia" disse que a esperança agora é vermelha!

- Princesa, ouça-me com atenção: a esperança dela pode ser vermelha, mas a tua será sempre da côr que quiseres! Compreendes?

- Mãe, posso pintar a minha esperança de dourado, como um campo de girassol?

- Podes e deves!

- Mãe... quando eu crescer, quero ser poeta...

(Sorrisos ternos...)

- Porque queres ser poeta, princesa?

- Quero ser poeta, para "cometer sobre a Terra o empenho da Paz, dos Encontros, do Silêncio tácito ante a Felicidade. Quero ser poeta para ser simples e buscar essências nas mãos infantes, na fome dos loucos, na ânsia dos mendigos. Quero ser poeta, para não ser político!"

- Princesa??!! Que idéia... de onde tiraste isto?!

- Do teu livro, mãe... Do teu livro que tem um moço bonito de olhos azuis que se chama Luis de Aquino.

- Pois então que andas a ler os livros da tua mãe?...

- Não posso, mãe?!

- Podes princesa, sempre que quiseres...

- Mas eu não quero ser "um mau poeta"...

- Princesa?! Tu andas com idéias estranhas, assusta-me!

- Mãe, pode o céu ser vermelho?

- Não, Princesa... o céu costuma sempre ser azul...

- Mãe, aquele outro moço bonito de barba é um "mau poeta"?

- A que moço te referes, princesa?

- Ao Affonso Romano de Sant Anna... Ele disse:

"Se eu dissesse que o crepúsculo está coalhado de sangue diriam que isto é uma banalidade que só um mau poeta ousa escrever. E, no entanto, o crepúsculo está coalhado de sangue.

Não só o crepúsculo, também a alvorada. E quanto a isto não há muito que se possa fazer"

- E o céu está mesmo coalhado de sangue... ele é um mau poeta?

- Não Princesa, ele é um excelente poeta... o céu está mesmo coalhado de sangue e quanto a isto não podemos fazer nada...

- Mãe, o que é crepúsculo?

- Crepúsculo princesa, é aquela luz, fraquinha, tenra, de quando o sol já se foi...

- Quer dizer mãe, que o crespúsculo anuncia a noite escura?

- Sim princesa, mas também é aquela luz fraca que aos poucos vai tomando força antes da manhã brilhante de sol...

- Mãe, quanto tempo pode durar a noite?

- A noite princesa, pode durar 4 anos, ou apenas o momento exato de um abrir e fechar de olhos...

- Agora dorme, Princesa...

- Mãe, posso ouvir aquela música do... Barão... (Vermelho)?

- Podes Princesa, podes ouvir a música que quiseres...

(Sorrisos ternos)

"O bem que você me fez, nunca foi real

Das sementes mais lindas nasceram flores do mal

A mesma mão que acaricia, fere e sai furtiva

Faz do que é bom uma história triste..."



© Quisera
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