Uma multidão de rostos desconhecidos.
Personalidades, fisionomias diferentes.
Existência e destinos desiguais.
Passos apressados.
Ao passar, não deixam rastros.
Andam todos próximos.
Estão juntos, porém, não unidos.
Apenas precisam percorrer o mesmo trajeto.
Milhares de pessoas, impossível contar.
De súbito, um deles desaparece inesperadamente.
Chegou sua hora de partir, deixar de viver.
É difícil descrever claramente os transeuntes.
São vultos que se movimentam constantemente.
Um jovem roubou a carteira de um homem,
foi preso em flagrante e excluído do meio dos demais.
Com um ato impensado, arruinou todos os seus sonhos,
jamais voltará ao convívio da sociedade.
Pensamentos não podem ser ouvidos.
Cada um conversa consigo mesmo.
Confessa as alegrias e tristezas do seu eu.
Caminhando e pensando,
vivendo a vida de acordo com os recursos disponíveis.
Um estudante decide parar no meio da estrada
e formar com a voz, sons ritmados e musicais.
Conseguiu atrair a atenção de alguns dos passantes,
que ficaram imóveis para ouvi-lo cantar.
Outros, contudo, seguiram seu caminho.
O rapaz queria que alguém o ajudasse,
mas, após o término da canção,
todos foram embora.
O personagem cantante, agora, silencioso,
retorna a sua jornada seguindo a rota anterior.
Tanta gente junta e o ser humano é uma ilha,
rodeado por um grande número de pessoas
por todos os lados.
Quando poderia haver uma imensa corrente,
um elo que une todos os indivíduos,
impera a solidão.
© Rosimeire Leal da Motta.
OBS.: Esta poesia faz parte do livro:
"Voz da Alma" – Autora: Rosimeire Leal da Motta
Editora CBJE - RJ - Novembro/ 2005 - Poesia e Prosa.
Página Pessoal: http://br.geocities.com/rosimeire_lm/
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