Uma janela fechada.
A luz do sol invade a sala através do vidro.
Era uma abertura na parede com arco agudo,
Dividida em duas partes por uma coluna central.
Janela com dois batentes.
A parte incorpórea de mim, ajoelhada no degrau,
Visualizando o mundo lá fora,
Olhava insistentemente a vida.
A janela do meu corpo,
Prisão da alma,
Apoiada na coluna central,
Iluminada pelos raios do sol,
Não podia sair.
Estava presa em regime aberto.
Passava o dia inteiro, ali na janela,
era a única comunicação com o mundo,
não havia outras salas que recebiam luz,
apenas porões escuros e com teias de aranha.
Minha alma empoeirada e abandonada,
Não se afastava da janela.
Uma pedra vinda do lado de fora,
despedaçou a vidraça,
partindo-a em pedacinhos.
A pedra e os fragmentos da vidraça
atingiram minha alma que estava encostada na janela.
O vento rompeu a trava e a janela se abriu.
Mas, a alma ferida,
não teve tempo de aproveitar a liberdade.
Não morreu, porque já estava morta.
Seu corpo etéreo se desmaterializou no ar.
A janela eram os olhos.
O corpo sem alma tombou no chão.
© Rosimeire Leal da Motta.
OBS.: Esta poesia faz parte do livro:
"Voz da Alma" – Autora: Rosimeire Leal da Motta
Editora CBJE - RJ - Novembro/ 2005 - Poesia e Prosa.
Página Pessoal: http://br.geocities.com/rosimeire_lm/
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