Rosto oval,
emoldurado por cabelos castanhos escuros, curtos.
Sobrancelhas espessas, quase negras.
Olhar distante, contemplando o que não se podia ver.
Nariz delicado, arrebitado.
Sua boca pequena estava semi aberta,
como a pronunciar frases congeladas no tempo.
No lado esquerdo da face, uma cicatriz marcante:
conseqüência de uma guerra sem vitória.
O pescoço altivo, como a demonstrar orgulho.
Na cabeça, um capacete militar:
coroa eterna de um guerreiro.
Era o busto de um herói de guerra.
E o tempo o maltratava:
A poeira o cobriu por inteiro.
O vento forçou a janela do velho museu.
O pó bailava no ar, empoeirando ainda mais o salão.
O busto que foi moldado com material antigo.
Empurrado pelo vento, tombou no chão.
E o herói, que há tempos não era lembrado,
perdeu-se em mil fragmentos.
Ficou irreconhecível!
Veio o zelador e recolheu os pedaços com uma pá,
e os jogou na lixeira.
Já não havia mais lembranças...
© Rosimeire Leal da Motta.
OBS.: Esta poesia faz parte do livro:
"Voz da Alma" – Autora: Rosimeire Leal da Motta
Editora CBJE - RJ - Novembro/ 2005 - Poesia e Prosa.
Página Pessoal: http://br.geocities.com/rosimeire_lm/
|