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Contos-->Cebola de VIDRO -- 15/02/2001 - 01:26 (denison souza borges) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Naquela noite de Outono tudo corria normal; o vento soprava com temperatura duvidosa, a areia da praia continuava suja, pessoas eram assaltadas nas ruas por pessoas de terceira geração; tudo corria normal. A sala estava fria e escura. Sentei na poltrona, acendi uma cigarrilha Saint James e coloquei os pés num banquinho quente. Ouço barulho na cozinha; não pode ser Silvia...quem será àquela hora da madrugada? Ouço vozes e dois vultos parecidos comigo se aproximam, andam pela sala e sentam no sofá à minha esquerda.

Eu: Sinto como se os conhecessem. Quem são vocês?

Passado: Sou você jovem!

Futuro: E eu sou você mais velho...seu futuro!

Eu: Sinto, mas não posso conversar com vocês...nenhum dos dois são compatíveis para discutir comigo; você, o meu ontem, é inferior à mim, com idéias que já abandonei e não mais aceito; e você, o meu amanhã, só poderá me confundir com idéias que ainda não estou preparado!

Futuro: Não se precipite! Eu busco sempre em você as minhas respostas, assim como você busca nele – seu passado – as suas respostas.

Passado: Já eu busco em você – não respostas – mas, as minhas perguntas, assim como você também tenderá a buscar nele – o seu futuro – as suas.

Eu: Ora, então eu sou a resposta e a pergunta de mim mesmo?

Futuro: Claro, porque você é o futuro do passado.

Passado: E o passado do futuro. Não percebestes?

Eu: Tolices! Eu sou eu, você também sou eu e você, também.

Futuro: Aí é que você se engana; você É quem pensa que É ! Eu sou quem você pensará que será...

Passado: ...e eu sou quem você pensou que foi...

Eu: Mas a minha mente sempre disse que...

Futuro: A mente nunca deve ser a medida de todas as coisas!

Eu: Agora vocês me confundiram!!! Onde está a Verdade, então? Em mim, em você...? Em você outro?

Futuro e Passado: A verdade quotidiana está presente num realismo dinâmico crítico não estático, pois é mutável e relativo; entretanto, a Verdade Absoluta está no ponto final!!! Nós dois possuímos este ponto.

Eu: Os dois possuem a Verdade no ponto final? Como assim?

Futuro e Passado: Não possuimos a Verdade; ela nos possui. Possuimos apenas o ponto final... É IMPOSSÍVEL SERMOS DONOS DA VERDADE, MAS PERFEITAMENTE POSSÍVEL NÃO SERMOS ESCRAVOS DA MENTIRA.

Eu: Mas que ponto final é este afinal?

Futuro: A minha história é progressiva, pois sou o futuro; meu ponto final é a morte!

Passado: A minha história é regressiva, pois sou o passado; meu ponto final é o nascimento! No momento do seu nascimento você estava lado a lado com a Verdade e não entendia nada.

Futuro: No momento de sua morte você estará lado a lado com a Verdade e entenderá Tudo.

Eu: Então, porém, o que sou eu? Uma Ilusão? Uma perda de Tempo?

Futuro e Passado: Você é o único caminho entre a Verdade e a própria Verdade.


Eu: Então... o que sou...? A Mentira!!???

Futuro e Passado: Não... és a Dúvida !


O vento passando pela janela assobiava uma melodia de Bach. Ou seria Stravinsky? De qualquer maneira o melodioso vento anunciava o Outono. As flores frustradas no campo e o tempo indecifrável pintava o Outono na tela daquele momento meu... de incertezas!!!
Tinha convicção de que tinha de fazer algo, mesmo que não soubesse realmente o que deveria ser feito... e realmente não sabia.
Ouço os passos de Silvia descendo as escadas e antes que ela falasse alguma coisa, saí. Ela não encontrou nem a mim e nem aos meus vultos. Ficou apenas com o assobio do vento passando desesperadamente pela janela; dessa vez tocando uma sinfonia desconcertante...talvez Schoenberg.

Texto escrito em 1988 – fragmento do capítulo 3 do romance “Cebola de Vidro”
de minha autoria.


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