O que teria acontecido? Deletei o arquivo propositadamente ou acabei reservando um número para nada?
Tanto faz. No dia em que vi Soraia imaginei que meu arquivo sentimental teria uma chance. Chance. Esperança.
Mais uma. Bem, digamos que seus movimentos leves e uma forte personalidade me deixaram impressionados.
Bastante o suficiente para sorrir novamente. Para sorrir e escrever seu nome numa porta de vidro. Abreviei.
Sonhei durante uma semana ou mais. Consegui sonhar. Sonhei que estava nas areias do distante Saara conduzindo
camelos e que uma duna escondia a princesa das mil e uma noites de meus olhos. Tuareg de letras imobilizado num
teclado de computador pude visualizar a duna e uns grãos de areia soprados pelo vento contaram-me que a tenda
da princesa estaria logo adiante, ao lado do oásis de felicidade que é um sonho de viajantes. Areia, oásis, uma
tenda para amar uma princesa. Devaneios que um tecladista informatizado libera em momentos de solidão.
Diria que Soraia é uma princesa. Diria sim. As estrelas que guiam os viajantes através do Saara mo disseram.
Soraia acabou preenchendo o arquivo vazio com seu sorriso tão bonito, tão sincero. O nome do arquivo deveria
ser Soraia.