O pássaro em defesa do espaço,
repetitivo e banal,
não se cansa,
não me cansa,
me interessa.
Ave sou.
Na volta ao ninho,
miúda andorinha,
assisto sozinha
o teatro do sol.
Qual adolescente
enamorada da cor
deslumbrada com a luz
digo não à lente,
ao foco da câmera.
Só a retina aceita o efeito.
No olho aturdido
a imagem molda
a frase, o verso
e torna eterno
o instante etéreo.
Recolho meu eu.
Espanto a tristeza.
No olho ainda resta
melancolia.
Ave criança
na fuga do dia
coletou só areia
supunha diamantes.
|