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Poesias-->A porta para a cultura afro -- 08/11/2007 - 12:30 (Airam Ribeiro) |
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A porta da cultura afro
Um navio em alto mar
Carregado por humanos
Humanos sem coração
Sem alma... Só tiranos!
Aos escravos eles espancam
Quando os chicotes levantam
Por braços de insanos.
São negras amamentando
E negros acorrentados
Amarrados pelos pés
Com elos enfileirados
Crianças não vêem o deleite
Nas tetas vazias sem leite
Nos peitos vazios e sugado.
Retirados de seu espaço
Direto para a escravidão
Jogados em navios negreiros
Sofrendo em um porão
Dançando para branco ver
Empurrando os lemes para ter
Calos de sangue nas mãos.
O tinir dos elos ao se encontrar
Com o barulho dos açoites a estalar
Misturam com os choros dos negros
Que de fome vivem a cambalear
A dançar está a negra mais nova...
Um negro morto já está sem sua cova...
Mais um para as águas do mar.
E o navio singrando vai...
No alto vê-se o firmamento
Deus branco!... Deus negro!...
São pensamentos do momento.
Amarrados dos pés as mãos
Eles dormem no porão
Sangrando em sofrimentos.
E a nau rasga os mares
Com suas asas de pano a balançar
Cantigas em forma de lamentos
Escutadas por muitos além mar
Crianças negras famintas gemem
Que até os fracos nervos tremem
Ao sentir o açoite lhes machucar.
Da janela da nau vêem-se as águas
Que na mente nem pensam em fugir
As amarras pesam sobre as mãos
A lavagem que demora pra engolir
Lembra a pátria mãe!... Choram!...
Os da nau não vê até ignoram
Pois as jovens negras estão a lhes divertir.
Terra a vista! Grita o nauta...
O timoneiro está a controlar
Outro nauta vai buscar a ancora
Que é jogado para o fundo do mar.
Saem em filas os negros africanos
Ao som dos elos de ferro tilintando
Vão ser vendidos para trabalhar.
.............................
É a chegada do braço escravo
Com sua força para substituir
Os nativos brasileiros
Que já existiam por aqui
Para aumentar os capitais
Dos donos dos canaviais
É que eles estavam ali.
Mercantilismo a vista
É o inicio da escravidão
Amarrados ao trabalho
Pra dar gozo ao patrão
Além da agricultura
Trouxe de lá sua cultura
Para dentro deste torrão.
Dentro de suas senzalas
Cultuava sua religião
Suas danças, o folclore
Que tinham em sua nação
Trouxeram sua poesia
Em forma de cantoria
Nos lamentos de oração.
Quando no tempo do império
Do reinado da princesa Izabel
Receberam suas alforrias
Presente vindo do céu
Mas até hoje ainda tem
Escravos por aí também
Que ainda não provou do mel.
Por causa de sua cor
O negro é descriminado
O branco sempre tem mais vez
Em um emprego procurado
Ou mesmo na faculdade
Ele tem a infelicidade
De ser jogado pros lados.
A escravidão do racismo
Que no país ainda tem
Na mídia o preconceito
Ainda domina também
Em nossos dias atuais
Interior e nas capitais
Estas barbáries contêm.
Mas com a revolução
Que está o mundo globalizado
Eles já estão conquistando
O que um dia lhes foi tirado
Seu espaço, sua nacionalidade
A sua completa liberdade
Que tanto tem lhes martirizado.
Airam Ribeiro |
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