ESTRADA
Em alguma parte sinuosa
da estrada tardia
perdeu-se.
Sentiu sede nos primeiros dias
porém, a esperança fugaz,
tão logo dissipou-se
e ele, amarguradamente,
desistiu de caminhar.
Sentando à beira da estrada -
apesar de tudo, solene -
rabiscou versos tristes
no negro asfáltico de
sua vida até então.
Na décima terceira lua
choveu copiosamente
de seus olhos marejados, sofridos.
Miragens vieram a seguir:
mulheres nuas, ávidas, lânguidas,
brindavam, com cálices dourados,
a vida miserável de todos nós.
E a bebida turvou-lhe a já comprometida visão!
Foi quando despertou
e, novamente, se viu
tardiamente perdido,
rabiscando versos sinuosos
de pura e solene amargura:
Oh!, árida estrada sem fim...
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