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Cronicas-->O MILAGRE DO SOFÁ -- 17/09/2004 - 20:53 (Cleuseni de Oliveira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O MILAGRE DO SOFÁ

Mais uma vez acontecia aquilo. Algo antes inédito na casa de Leila, mas que se tornara frequente nos últimos meses. O salário havia acabado tudinho, e o mês é, claro, ainda não. Procura de lá, procura de cá. As filhas reviram os bolsos das calças, dos agasalhos e nada. Nenhuma moedinha. Nada.
Chegaram até a brincar com o pai:
- Vai, Bianca, você pega daí, eu pego daqui - dizia Bruna - vamos virar o pai de cabeça para baixo para ver se caem moedinhas.
Era momento de o pai sorrir um pouco, porque pai nenhum gosta de ver a família sem dinheiro nem para o pão e o leite. Isto é deprimente. É ou não, é?
Mas Bruna era assim mesmo. Brincava sempre. Acho que era por isso que até agora Leila ainda não tinha tido nenhum problema de saúde grave por causa das dívidas.
Mas, enfim, não é necessário explicar para nenhum brasileiro por que esse fenómeno acontece. Quase todos nós somos escolados nisso. Aperta de lá. Aperta de cá. Economiza dali. Corta gastos daqui. Mas o salário sempre acaba antes do mês e você fica com aquela sensação de que o mês é que está mais comprido.
Mas voltando a nossa família. As meninas agora olhavam com seriedade para a mãe que dizia:
- Num tem jeito,não, gente. Pão e leite hoje num vai dá não.
As meninas disseram que não tinha problema. Era só a mãe fazer o almoço mais cedo. Isso tinha. Comida da cesta básica da empresa do pai. O dia estava salvo.
Mas Leila ainda tentava arrumar uma solução. Não podia ser. Eram 7 horas da manhã. Não dava pra ficar sem café. Algo tinha que acontecer. Um milagre talvez. Mas tinha que acontecer.
Pensou, pensou. Desceu as escadas da lavanderia. Começou a lavar a roupa. De repente lembrou-se de que, na época "das vacas gordas", quando a empregada limpava o sofá, - quando ela ainda podia pagar uma empregada - sempre achava umas moedinhas por lá que ela dava para as meninas comprarem gelinho na vizinha . Era isso. Quem sabe o sofá?
Subiu rapidamente as escadas. Não disse nada a ninguém. Foi direto para a sala. Lá estava o sofá, inerte perto da janela. Começou a passar as mãos pelos cantos . De repente: aiii. Quebrara uma unha, mas não tinha problema. Continuou. Do outro lado. E surge uma primeira moeda. Ficara feliz. E do outro lado. E do outro. Agora já contava as moedinhas. Tinha conseguido. Quatro reais fora a soma. O pão e o leite do dia estavam salvos. Amanhã já teria pagamento na conta do marido.
À mesa, tomando café, atribuíram-no à Providência Divina. Agradeceram. E com ela contavam novamente no mês seguinte.



Cleo Piva
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