No vigésimo terceiro ano do reinado de Zhao, Lao Tsu percebeu que a guerra terminaria destruindo o lugar onde vivia.
Como havia passado anos meditando sobre a essência da vida, sabia que em certos momentos era preciso ser prático.
Resolveu , pois, tomar a decisão mais simples: mudar-se.
Pegou seus poucos pertences e seguiu em direção a Han Keou.
Na porta de saída da cidade, encontrou um guarda:
- Onde está indo, tão importante sábio? Lhe perguntou o guarda.
- Para longe da guerra.
- Não pode partir assim. Eu gostaria muito de saber o que foi que aprendeu em tantos anos de meditação. Só o deixarei partir se dividir comigo o que sabe.
Apenas para se livrar do guarda, Lao Tsu escreveu ali mesmo um pequeno livro cuja única cópia lhe entregou. Depois , continuou sua viagem, e nunca mais se ouviu falar dele.
O texto de Lao Tsu foi copiado e recopiado. Atravessou séculos, atravessou milênios e chegou até o nosso tempo.
Chama-se Tao Te King, está publicado em português por várias editoras e é uma leitura imperdível.
Aqui vai uma de suas páginas:
"Aquele que conhece os outros é sábio.
Aquele que conhece a si mesmo é iluminado.
Aquele que vence os outros é forte.
Aquele que vence a si mesmo é poderoso.
Aquele que conhece a alegria é rico.
Aquele que conserva seu caminho tem vontade.
Seja iluminado, e permanecerá íntegro.
Curva-te, e permanecerá ereto.
Esvazia-te, e permanecerá repleto.
Gasta-te, e permanecerá novo.
O sábio não se exibe, e por isso brilha.
Ele não se faz notar, e por isso é notado.
Ele não se elogia, e por isso tem mérito.
E, por não estar competindo, ninguém no mundo pode competir com ele."