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Contos-->Boca de siri -- 03/02/2007 - 15:44 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Boca de siri


Fernando Zocca


Naquele dia, momentos antes do almoço, no boteco da tia Lucy a discussão, regada com muita cerveja, versava sobre cidades. De Tupinambicas das Linhas Van Grogue, e dois terços da população, sabiam que não existia local que concentrasse a maior quantidade de loucos e histéricas jamais vista durante toda a existência da humanidade.
Mas Grogue não podia conceber qualquer verdade sobre a teoria se ela não fosse embasada num fato característico, cabal, coerente e determinante do fenômeno atribuído a essa vocação da cidade.
Foi então que Ernesto Mail suando em bicas entrou no botequim. Os bebedores sentavam-se às mesas expostas na calçada, encostadas à parede externa do boteco.
O calor, terrível, fazia com que os pingueiros abrissem suas camisas numa tentativa de refrigério. E. Mail ao descansar seu ventre abaulado no balcão foi dizendo: “Acabei de escrever um livro de contos eróticos. Quero que vocês comprem e leiam. Afinal, nesta cidade está faltando amor. Precisamos fazer voltar aqueles tempos românticos.”
Van entornando o quinto copo de pinga, e abrindo sua camisa vermelha perguntou: “Livro, que livro? Você é analfabeto! Como é que pode?”
E. Mail nem tentou retrucar. Queria evitar o bate-boca. Afinal escrever qualquer coisa naquela cidade seria bastante temerário. Imagine escrever contos eróticos? E tinha mais: sua mulherzinha o esperava, toda perfumada para, depois da incursão dele ao botequim, praticar algumas posições descritas na obra, que se Deus quisesse, o levaria ao Nobel de Literatura e serviria para referendar seu ingresso na Academia Brasileira de Letras.
Foi então que um garoto todo suado entrou e pediu, à tia Lucy, um copo d´água. Aquela visão acordou no Grogue a necessidade de conhecer os fundamentos da teoria dominante sobre a saúde mental dos habitantes daquele trecho do universo.
Van Grogue perguntou ao E. Mail: “Por que dizem ser esse lugar, o pedaço do mundo que concentra a maior quantidade de malucos?”
E. Mail, mostrando surpresa respondeu: “Ora, você não sabia Grogue?” Ante a negativa do parceiro, E.mail continuou: “Em 1974 quando esse prefeito de bosta que está ai até hoje, era o manda-chuva, um grupo político da capital resolveu desviar dois rios afluentes do rio Tupinambicas. No princípio, ante a chiadeira da população, Jarbas o babaca, mostrou-se vacilante. Mas depois que começaram a lhe surgir pelo caminho algumas estrelas da TV e cinema, sua firmeza foi se amoldando às vontades do grupo lá de São Tupinambos. Foi assim que as águas do rio Tupinambicas mirraram e quando chegam hoje à cidade trazem tanto dejeto que para torná-la potável precisam de maior quantidade de cloro. É por isso que nesse lugar muitas pessoas confundem tudo. Tem nego que pensa ser bota-fora, coturno na calçada.”
E. Mail continuou: “Eu não sou daqueles que acreditam ser a cidade uma cidade maldita. Mas que tem muita prostituta, ladrão, e assassino, isso é inegável.”
Então Grogue continuou: “E essa seita maligna do pavão-louco? Você não acha que ela reforça a loucura e ignorância dos seus seguidores, eternizando gente da seita no poder? E. Mail respondeu:”É bom ficarmos longe dessa gente. Nessa mistura que eles fazem você pode ser confundido e ter sua vida completamente danada. Com louco não se brinca.”
E. Mail percebeu que sua conversa terminara naquele momento. A chegada da esposa, que abrindo um jornal defronte à porta do bar, sugeriu ao bebedor, que a vida compunha-se de mais coisas do que só de biritagens refrescantes.
Ao sair de braço dado com a mulher, E. Mail voltou-se e disse ao amigo que ficava: “Não vá espalhar esse assunto que eu te contei. Boca de siri, morou Grogue?”

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