O ex-arcebispo de Lusaka, Emmanuel Milingo, desafiou novamente o Vaticano celebrando em Washington uma cerimônia para ordenar quatro bispos casados.
Milingo deixou em junho a região próxima a Roma onde estava "em exílio" depois de se casar com a coreana Maria Sung, em 2001, em Nova York, com a bênção do reverendo Myung Moon.
O arcebispo africano voltou a viver com a mulher e fundou em julho, na capital americana, um movimento próprio, "Married Priest Now!" (Pregadores Casados Agora!), que desafia a Igreja Católica quanto ao celibato dos sacerdotes.
Nos últimos dias, Milingo recebeu uma carta do Vaticano que lhe ordena a pedir perdão ao papa Bento 16 antes do dia 15 de outubro e voltar atrás, para evitar uma "suspensão canônica".
Milingo ordenou como bispos George Augustus Stallings, Peter Paul Brennan, Patrick Trujillo e Joseph Gouthro, todos sacerdotes casados que afirmam pertencer ao "Sínodo das Antigas Igrejas Católicas", uma organização que não responde ao Vaticano.
Uma porta-voz da arquidiocese de Washington, Susan Gibbs, disse ao "Washington Times" que a cerimônia de Milingo "não significa nada para a igreja".
DOM MILINGO ESCREVE AO PAPA E AOS BISPOS AMERICANOS
Nova York, 06 nov (RV) - "Os padres e bispos casados devem ser imediata e gradualmente re-inseridos na Igreja". É o que aparece _ segundo informa a agência ANSA _ em duas cartas enviadas pelo arcebispo emérito de Lusaka, Dom Emmanuel Milingo, uma a Bento XVI e outra à Conferência Episcopal dos Estados Unidos, pedindo que seja revise a exclusão dos padres casados e a instituição de uma Prelazia.
Caso isso não ocorra _ adverte o arcebispo recentemente excomungado _ o cisma irá ganhar corpo, pois "uma nova Igreja católica se formará, com ou sem a vossa bênção" _ teria escrito Dom Milingo. Mais uma vez Milingo levanta a voz, desta vez às vésperas de um novo encontro da associação "Married Priest Now" (Padres Casados já), por ele fundada e que reúne os padres casados, previsto para o dia 10 de dezembro, em Nova York.
Se a carta dirigida a Bento XVI contém, sobretudo reflexões de natureza teológica sobre o sacerdócio, a outra, enviada aos bispos dos Estados Unidos é de caráter mais reivindicativo. Ao papa, Milingo escreve que "somos chamados a enriquecer a Igreja de uma nova forma, pois na Igreja há algo de novo sempre que nasce qualquer coisa nova, mas isto que está nascendo é mais uma manifestação do antigo".
Entre as reivindicações de Milingo está, antes de tudo, a reinserção no pleno serviço dos sacerdotes casados, e depois a instituição de uma Prelazia ou de um Vicariato para os padres casados e a abertura de se seminários para homens já casados e com filhos. Segundo escreve Milingo, esta medida ajudaria a afrontar as graves carências de sacerdotes em tantas paróquias e dioceses devido ao endêmico problema das vocações. "Para fazer frente a esta crise nós somos 25 mil padres casados, prontos e decididos a servir à Igreja. E há também homens casados prontos para assumir compromissos e ser ordenados".
O arcebispo emérito de Lusaka ganhou notoriedade na mídia internacional em 2001, quando contraiu matrimônio com a acupunturista coreana Maria Sung, segundo o rito da seita Moon. Dom Milingo escreve que os padres casados nutrem o grande desejo de fazer parte da Igreja e adverte que "uma nova Igreja católica se formará com ou sem a bênção" do Vaticano. "Caso o Vaticano revise a exclusão dos padres e bispos casados (estes últimos excomungados latae sententiae junto com Milingo, n.d.r.) então a unidade da Igreja será preservada". (MZ)