" De tanto querer tudo,
acabei não fazendo nada
Escolher é cruel, mas
Extremamente necessário
Uma escolha sempre será difícil,
Pois do contrário não seria uma escolha
A ansiedade aumenta com a idade
Devora minha serenidade,
Tenho a impressão que cresço ao contrário,
Antes, mais sábio, mais calmo, mais paciente e experiente,
Hoje, mais bobo, mais criança, mais dependente,
Eu tinha opinião e certeza de quase tudo,
Hoje me vejo irreconhecível, fisicamente e intelectualmente,
Sinto meu pensamento lento, descrente, desmotivado,triste, chato,insuportável,
Terei esquecido os motivos que me fazem rir?
A insônia me acompanha durante toda a madrugada,
E tenho medo de expor minhas crenças, ou a falta de todas elas, tenho medo de expor uma possível depressão,
Pois tristeza não vende, não chama a atenção,
E ser triste no mundo de hoje é pertencer a um grupo seleto e discriminado, pois vivemos na era
do riso fácil, do rir de tudo, do rir malicioso e astuto, do rir estratégico, profissional e social, do riso marketeiro e político,
E olha que sou considerado como uma pessoa alegre,
Claro, tenho meus momentos,
Mas a obrigação de rir e de fazer rir é como uma doença incurável, um vício como todos, gostoso no início e destruidor com o passar dos anos,
Sinto as consequências desse vício até hoje.
Por esse motivo, sonho e não realizo, prometo e não cumpro, pois minha mente é um dragão forte e astuto, e eu tenho que lutar contra ele durante todas as horas do dia. Só consigo sorrir, quando o dragão dá uma trégua, ou quando desisto da luta momentaneamente.E minha vida é a história de amor e guerra com esse dragão"
Alexandre Medeiros, em 29/12/2007.
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