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Cronicas-->NOSSA SENHORA DE PARIS -- 30/09/2004 - 00:33 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
NOSSA SENHORA DE PARIS
João Ferreira
30 de setembro de 2004


Em Lisboa, por volta de 1915, todo o mundo conhecia o Mário. Seu nome completo: Mário de Sá-Carneiro. Era um sujeito fino, filho de um alto funcionário do Estado que trabalhou em Moçambique no tempo em que este país era colónia portuguesa. Ficou órfão de mãe muito cedo. Ainda era rapaz moço e já reunia os amigos em sua casa para lhes ler suas composições literárias. Amou Lisboa sua terra natal, mas curtiu loucamente o sonho de viver em Paris. Ainda adolescente, depois de ter visitado a capital francesa como turista na companhia de seu pai, conseguiu um dia matricular-se na Sorbonne para estudar direito e foi aqui que sua vida teve os episódios mais marcantes. De lá escreveu famosas cartas a Fernando Pessoa. Contatou com Marinetti, Apollinaire e Jacobi e outros escritores e literatos de vanguarda cubista e futurista. Curtia com toda a devoção os cafés e as "brasseries" parisienses e mantinha bons contatos com seus amigos portugueses. Sua principal ocupação era a de escrever poesia. Como idealista delirante transferiu para o poema Nossa Senhora de Paris, datado de 15 de outubro de 1913, tudo o que a teoria sensacionista dos modernistas portugueses defendia. No curso da letra desse poema desfila todo um rosário de sensações. É só verificar: "Listas de som avançam para mim a fustigar-me em luz"/ "Todo a vibrar quero fugir"[...]" Um cheiro a maresia /vem-me refrescar/ longínqua melodia /toda saudosa a Mar..."/ "Mirtos e tamarindos odoram a lonjura/ Resvalam sonhos lindos/ Mas o oiro não perdura/ E a noite cresce agora a desabar catedrais/ Fico-me sepulto entre círios/ Escureço-me em delírios/ mas ressurjo de Ideais/ -Os meus sentidos a escoarem-se... /Altares e velas/ Orgulho...Estrelas.../ Vitrais!...vitrais! Flores de Lis/ Manchas de cor a ogivarem-se/ As grandes naves a sagrarem-se.../Nossa Senhora de Paris". Este é o Poema.
Aliás, é na moldura de um café parisiense que compõe seu famoso poema "Manicure", uma produção apta a treinamento de análise e de hermenêutica literária dentro dos mais ortodoxos cànones interseccionistas, vanguardistas e futuristas. Sendo o principal articulador do movimento de Orpheu, Sá-Carneiro fez com Fernando Pessoa e Almada Negreiros o trio de sustentação de vanguarda Portuguesa de 1913 a 1916.
Com a ajuda financeira de seu pai editou em Lisboa, em parceria com Fernando Pessoa os dois primeiros números da revista "Orpheu" e preparou ainda o terceiro, que ficou esquecido no prelo, após a sua morte ocorrida em 26 de abril de 1916. Escreveu uma das maiores narrativas portuguesas da primeira metade do século XX: "A Confissão de Lúcio"(1913).
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