Quando o metalúrgico Luís Inácio Lula da Silva enfrentou a pressão da polícia e dos helicópteros que sobrevoavam o estádio de Vila Matilde na memorial greve do ABC em 1980 as classes conservadoras ficaram assustadas. Mal Golbery do Couto e Silva começara um projeto de distensão entre os militares de linha dura para mudar o comportamento político do país e um grupo de operários pedia melhores salários e condições mais dignas para um setor que até então era dos mais importantes para a economia nacional, o automobilístico.
Espinha dorsal do projeto desenvolvimentista elaborado por Juscelino Kubtschek, a indústria automobilística conferia o status necessário para mostrar que havia uma classe média bem sucedida e o Brasil teria seu lugar entre as grandes potências industriais.
Ao deflagar a greve os operários demonstraram que as multinacionais tinham grandes lucros graças aos baixos salários dos trabalhadores brasileiros e que havia um amadurecimento político entre os semi-analfabetos que produziam a felicidade nacional.
A coragem dos trabalhadores do ABC despertou iras no cenário conservador. Lula foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional. Foi preso.
Abriram-se as cortinas ditatoriais, as elites elegeram Fernando Collor de Mello, que trouxe decepções já previstas e então Fernando Henrique Cardoso assumiu o projeto neoliberal.
Passados oito anos o projeto neoliberal provou sua fragilidade e a nação brasileira optou pelo mesmo operário que teve a audácia de enfrentar a polícia e os helicópteros na Vila Matilde.
Lula foi convocado pelo povo brasileiro para trabalhar mais uma vez. Pelo grande projeto de reconstrução nacional. Até pelas elites, que viram seu patrimônio ser dilapidado pela aventura neoliberal.
Foi o presente de aniversário de Luís Inácio Lula da Silva. Em plena data natalícia, 27 de outubro de 2002, foi convidado a trabalhar pela fábrica de sonhos e esperanças chamada Brasil.
