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Poesias-->No Brasil nosso de cada dia, nem todos têm sua fatia -- 13/01/2008 - 16:46 (Adalberto Antonio de Lima) |
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NO BRASIL NOSSO DE CADA DIA,
NEM TODOS TÊM SUA FATIA
...
O Cachimbo
Agora mudo a rima
Pego o verso e deixo a prosa
Para falar de uma vida
Que não foi um mar de rosa
Já falei de caminhão
Da terra, do céu e do limbo
Mas pra falar do cachimbo
Preciso de inspiração.
Enquanto a inspiração me vem
Não estou querendo enrolar
É que a história do cachimbo
Conjuga o cachimbar
Que traz no bojo um sentido
O cachimbo é o apelido
Daquele cheiro ardido
Do cachimbo a cachimbar
É para desopilar
Que vou agora contar
Um caso que ouvi dizer
Se não aconteceu com você
Um dia acontecerá.
Se você não rir agora
Na certa, um dia rirá.
Dizem que a mulher
Só tem uma serventia:
fazer falta de noite
e fazer raiva de dia.
Veja pois o verso do velho
Que foi trabalhar noutro Estado
Estava ele empregado
Mas se viu sem companhia.
O autor é desconhecido
Por isso não sei seu nome
Só sei que ele comia
Mas a estrovenga tinha fome
E escreveu pra mulher
Que se bem interpretado
Ele mandou um recado
Entenda bem que puder.
Deixei o cabelo crescer
E também o meu bigode
Da imagem a gente pode
Fazer um novo retrato
Mas ao cabo do cachimbo
Não pude dar um bom trato
Digo isso a versejar
Pois aí não vou agora
E quanto mais me demora
Ter a sua companhia
“A me fazer falta de noite
E fazer raiva de dia
Sei que você está sofrendo
Com o cachimbo sem cabo
E eu com o cabo do cachimbo
Para lhe botar o cabo
Guarde bem seu cachimbo
Que quando eu for boto o cabo.
Ainda estamos em abril
E não sei quando voltar
Com o cabo do cachimbo
Para o cachimbo encabar
Mantenha o cachimbo aceso
Não deixe o fogo apagar
Aqui termina a história
Do velho que se empregou
Lá no porto de “Galinha”
Que em Recife encontrou
Há sempre na serra um monte
Em cada rio, uma ponte
E eu já encontrei a minha
Para o céu ou para o limbo
Mas onde quer que vá
Quero ir com meu cachimbo
Não sei se o velho voltou
Ou se a velha já é morta
“Mas o hábito do cachimbo
É que deixa a boca torta”
Quem conhece o cachimbar
Jamais larga seu cachimbo
Se é um céu ou o limbo
Pra velha usar o cachimbo
Era preciso casar.
A metáfora do cachimbo
Que o velho escreveu
Agora está registrada...
Sei que você entendeu
Que por mais que se defronte
A mulher é companheira
Pra fazer raiva de dia
E falta a noite inteira.
Quem não conhece essa estrada
Na certa não percebeu
Que a brasa do cachimbo
Que o fogo acendeu
Não se apaga com água
Mas com um pote de mágoa
Isso você entendeu.
A mulher das bodas
Cada um tem sua vida
E faz dela o que quiser
O que vou contar agora
Retrata uma mulher
Que viveu a sua cruz
Abraçada com Jesus
E deu testemunho de fé
Não há mulher sem virtude
Também não há sem defeito
Não há quem seja perfeito
E jamais prevaricado
Só houve uma um dia
Foi a virgem Maria
Preservada do pecado
Também o Cristo Jesus
Por graça foi concebido
E sem pecado nascido
Da virgem Imaculada
De toda humanidade
Tomou sobre si a cruz
O Filho de Deus feito homem
Nasceu de uma mulher
Lá na gruta em Belém
Gerado em Nazaré
À sua glória eu canto
O Filho de José e Maria
É o Homem de Nazaré
Gerado pelo Espírito Santo.
Aquele que ama Jesus
Ama também Maria
Que a Ele deu à luz
Cumprindo a profecia
Ela é a Mãe do Messias
Mulher de todas as graças
E mãe de todas as raças.
“Quem é esta que sobe do deserto
Apoiada em seu bem-amado
É também muito amada
Onde em dores deu à luz
Ela abraçou a cruz
Por seu Filho abraçada”
(Can.8,5)
“Quem é esta que surge
Como aurora,
Bela como a lua
Brilhante como o sol,
Linda como lírio do campo
Que o perfume espalha
Temível como exército
em ordem de batalha”?
(Can.6,10}
Ela é temível porque
Deus disse ao inimigo
Dou a ti o castigo
De arrastar sobre o ventre
E tal qual uma serpente
Ferirás o calcanhar
Da MULHER que Eu criei
E tu jamais te esqueças
Que pisando em tua cabeça
Ela te esmagará
(Cf. Gen. 3,14-15)
“Porei ódio entre ti e a MULHER
Entre tua descendência e a dela
Quem odeia a MULHER
Pra o outro acenda vela
Quem não ama a MULHER
Ama o inimigo dela.
(Gen.3,15)
“Quem é esta que sobe do deserto
Apoiada em seu bem-amado
É também muito amada
Onde em dores deu à luz
Ela abraçou a cruz
Por seu Filho abraçada”?
(Can.8,5)
"Sou morena, mas sou bela,
Como as filhas de Jerusalém"
Sou morena queimada de sol
E branca como a lua prateada
Sou mãe de todas as raças
A mãe de todas as graças.
"Os filhos de minha mãe
Se irritaram contra mim
Puseram-me a guardar as vinhas
Mas a minha vinha não guardei"
Deixei que se entregasse à cruz
E aos pés da cruz, eu chorei.
(Can 1,6)
"Dize-me, ó tu, que meu coração ama,
Onde apascenta o teu rebanho,
Onde o levas a repousar
Seguirei a pisada das ovelhas"
Nas planícies e outeiros
Sem temer os espinheiros,
Para também pastorear.
(Can 1,5-7)
“Sou a mãe de puro amor
E da santa esperança
Em mim se acha a graça
De toda bem-aventurança
Minha alma glorifica o Senhor
Meu espírito exulta de alegria
Em Deus meu salvador.
(Eclo 24,24ss)
A Ele dou honra e glória
Pois me dando a palma da vitória
Fez em mim maravilha
Enxugando o meu pranto
Fez da serva sua filha
Porque seu nome é SANTO.
(Luc. 1,46-48)
Foi nas Bodas de Caná
Quando veio vinho a faltar
Maria disse a Jesus
Eles vão se envergonhar
Ele, então, lhe respondeu:
“Que temos com isso, MULHER?
Minha hora não é chegada.”
Mas ela bem o sabia
Que seu Filho era o enviado
E disse para os criados:
“Fazei o que Jesus vos disser”.
Ele a chamou de MULHER
Referindo-se à mãe amada
E não foi por nenhum desprezo
Pois na língua por Jesus falada
Esta palavra tem peso
De virtude e nobreza
Por ser ela a predileta
De toda a obra criada
Na simplicidade e pobreza
E na bem-aventurança
O que Jesus dizia
É que sua mãe Maria
Do Pai receberia
Coroa e realeza.
Nas Bodas de Caná
E também noutros momentos
No Velho e Novo Testamentos
Ele a chamou de MULHER
Para que o povo entendesse
O que o profeta disse
Que sua mãe é a MULHER
Do Gênese ao Apocalipse.
(Gen. 3,1ss; João 2,1-12; Apo.12,1-7)
Jesus em honra à sua mãe
Fez o que pediu Maria.
E naquele mesmo dia
O milagre aconteceu
A água em vinho se fez
Foi a primeira vez
Que o vinho veio do céu
Melhor do que qualquer safra
Que o noivo ofereceu.
Foi ao pedido de Maria
Que seu Filho atendeu
E realizou na família
O primeiro milagre seu.
Ainda hoje Ele a ouve
Por isso é bom seguir
O exemplo de Caná
Que quem tem fé apreende
Se vinho lhe vier faltar
Peça à mãe que o filho atende.
O milagre de Caná é fato
Pra se tirar ensinamento
O amor é o fermento
Que leveda a família
O vinho também pode ser
Tudo que se venha a precisar
Na vida espiritual ou no lar
Maria nos surpreende
Se o vinho do amor faltar
Peça à mãe que o Filho atende.
Jesus já havia escolhido
No seio da família nascer
Também na festa de bodas
Para o milagre fazer
Mas Ele quis que sua mãe
Que presente estava
Viesse interceder
Pra mostrar naquele dia
Que além de amar Maria
Também a obedecia.
Antes de voltar pro céu
Jesus sua mãe entregou
Aos cuidados de João
Que pra sua casa a levou
Não sei quanto tempo ela viveu
Nem mesmo sei se morreu
Ou transubstanciou.
Não se sabe se Maria
Estava morta ou dormia
Quando ao céu foi elevada
Dizem que dormitava
E que Jesus a levou
Ao Pai na celeste morada
Pra onde foi minha amada
Assunta ao céu e coroada
Ela apascenta com o Filho
“Levada com alegria e brilho
Entra na corte real
Com as virges companheiras.
Apoiada em seu bem-amado
Subindo ao céu ela vai
Em vestes multicores
Representa a humana raça
E toda cheia de graças
Entra na casa do Pai .
(Sal. 44)
“Volta, volta ó Sulamita.”
Volta, volta ó mãe bendita
Vem colher os lírios teus
Que plantaste no jardim
Eu te peço, em tua glória
Sentada ao lado de Deus
Jamais esqueças de mim.
(Sal.44,16; Can. 7)
Um sorriso e uma lágrima
Também não posso deixar
De fazer referência
A uma vida alegre
Pautada com muita prudência
lSe dizem que “ muito riso
é sinal de pouco siso”
Eu tenho que discordar
Pois é preciso lembrar
Que quem não ri envelhece
E que o mau se embaraça
Na própria teia que tece
A vida não é só tristeza
E nem tudo é pobreza
Pois tem alegria de molho
Às vezes as lágrimas nos olhos
Se examinadas com calma
É um acalento pra alma
E um gesto de nobreza.
Concorda comigo Neomísia
No livro que escreveu:
“Há em nós um deserto
Que olhado bem de perto
Revendo o que viveu
Sem ódio ou ressentimento
Há nele um lamento
Da lágrima que escorreu
Mas há também alegria
No sorriso que um dia
A vida lhe ofereceu.
“É prudente no deserto
Que é um momento seu
Agradecer as vitórias
E dar muita glória a Deus
O sorriso é a alegria multiplicada
A lágrima, a dor partilhada
Que alguém ofereceu..
Sorri com os que se alegram
E chorar com os que choram
É cura para o enfermo
E abrigo a quem está a ermo
Companhia ao solitário
Vale mais que dar salário
Ou ofertar dinheiro.
Sorria!
Para encher de alegria
As horas dos dias teus
Ostente muita harmonia
Felicidade e simpatia
Sorria!
Você está sendo filmado por Deus
A alegria nasce do amor
E o amor da alegria
Quem não tiver simpatia
Nada vai conquistar
Na vida amorosa e negócio
Fica a esmo no ócio
Sem nenhuma serventia.
“O sorriso é o cartão de visita
De uma pessoa saudável”
É gesto de amor, palpável
Distribuído gentilmente
Vindo de boa mente
É benfazejo e milagreiro
Não custa nenhum dinheiro
E faz muito bem à gente.
A alegria é perfume
Gratificante e ameno
A tristeza é veneno
Que mata sem avisar
Assim também é o ciúme
Que quando não é pequeno
Judia até matar.
Fé, amor e carinho.
“A fé é a bússola certa
Para os navios errantes”
A oração é o mapa
No coração do orante
A praia é a outra metade
Que está no semelhante
O amor é música sonora
É trilha em boa hora
É vento que vem de fora
E flor de primavera
Primeiro raio de aurora
É o início de uma reta
De uma vitória certa
De quem tem o céu por meta.
Nada se compare ao carinho
Que abre ao depressivo o caminho
Para a doença curar
Assim também é amar
A criança e o velho
Isso é ser cristão autêntico
Cumpridor do Evangelho
Isso é evangelizar.
Agora fecho este livro
Disse quase tudo que sei
Quando penso que cheguei
Ainda estou chegando
Quando penso que cheguei ao fim
Descubro que estou começando
Vai aqui mais uma lição
Para melhor entender
“O que parece não caber
Nas portas da razão
Passa com facilidade
Na janela do coração”.
Digo ainda, meu amigo
Pra não merecer castigo
Veja o teu irmão
Com os olhos do coração
E transforme teu coração
Nos olhos da razão
Se um dia você cair
Pense logo em levantar
Pois quem anda pelo chão
Como cobra a rastejar
Só engole poeira
Ficar caído é besteira
Levantar é só querer
É preciso se erguer
E dar a volta por cima.
Não jogue nada fora
Se você me leu até agora
Antes de jogar uma coisa fora
Mesmo sendo um velho jornal
Ou o que possa ser
É melhor você guardar
Que se não servir pra ler
Vai servir para embrulhar
Perdoe-me a digressão
Eu aceito sugestão
E venho até precisar
Pois minha batuta é uma vara
“Não há quem cuspa pra cima
Que não lhe cai na cara”
“Quem a paca cara compra
Paca cara pagará”.
Dou-te mais esta lição
Que quem tem religião
Praga não há de rogar
Pois sobre si cairá
Isso é uma verdade clara:
“Não há quem cuspa pra cima
Que não lhe caia na cara”
“Quem a paca cara compra
Paca cara pagará”.
Fechando o livro
Agora mudo de assunto
Para este livro encerrar
Mas continuo dizendo
E nunca vou me calar
Não venda milho a bode
Que ele não vai pagar
Nem dê diploma a quem
Não sabe nem soletrar.
O que tenho pra contar
Do mundo cheio de nó
Daria para escrever
Um livro muito maior
Mas nem por isso me calo
Não dê jornal a cavalo
Pois ele não sabe ler.
FRANCISCO DE ASSIS LIMA E SILVA
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