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cronicas-->"A Primeira Guerra foi o que mais me marcou" -- 22/10/2000 - 15:08 (Humberto Azevedo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A mulher que sobreviveu a gripe espanhola

Simplicidade
Um calor demasiadamente forte invade Santa Rita do Sapucaí. Estamos no mês de outubro, dois meses antes do verão. É nesse clima super tropical que me encontro na rua Mariquinha Capistrano, perto do Asilo. Um calor que desanima qualquer ser humano a trabalhar. Chego no endereço marcado para realizar a tradicional conversa para a preparação de um Persona às 10 horas e 30 minutos desta última terça-feira, 17 de outubro.
A Persona desta edição é uma senhora que no próximo dia 25 de outubro completará 98 anos de idade. Essa mulher quase centenária conhecida pelo nome Benedita Fernandes Pinto vive atualmente com uma de suas filhas. São 98 anos de histórias que o tempo não a fez esquecer.
Nascida em 1902, ou seja, bem no início do século, ela se coloca como testemunha ocular dos acontecimentos históricos que a marcaram profundamente. A sua primeira grande impressão de vida foi a gripe espanhola que dizimou muita gente logo no início do século XX. Ela mesma e quase todos os sete irmãos, além do pai, foram vítimas da doença. Os únicos da família que não pegaram a doença foram a mãe e um irmão. Nesse período, ela então com seus 12 anos de idade, também viu a Primeira Grande Guerra.

Família
Filha dos lavradores Joaquim José Fernandes e Maria Ribeiro Fernandes, oriundos de Itajubá, onde viveu toda a infància e juventude, ela conta que viu "de muito perto o então presidente dos Estados Unidos do Brasil em 1917, Wenscelau Brás. Lembro que ainda lhe perguntei se ela considera o presidente da época melhor que o atual e ela respondeu com firmeza: "Muito melhor, bem melhor!", num testemunho de uma pessoa que viveu muitos períodos presidenciais.
O seu casamento acontece em 1920, aos 18 anos, com o lavrador Dinarte Pinto Grilo, com quem teve 10 filhos, que já lhe deram 58 netos, 91 bisnetos e 12 tataranetos. Mas, quem pensa que a vida desta senhora quase centenária se resumiu apenas a cuidar dos filhos e do marido, se engana. Desde muito cedo ela se tornou professora primária e ensinou a várias gerações rurais as primeiras letras.
Em 1930, ela viu passar uma revolução. Dois anos mais tarde uma contra-revolução. Entre getulistas e paulistas, ela diz que pouco entendeu essa briga. Em 39 "assiste" pelo rádio as notícias da Segunda Grande Guerra. Destes acontecimentos todos, o que mais lhe marcou foi quando o presidente Vargas se suicida. "Esse ano (o do suicídio de Getúlio, 1954) foi um acontecimento para de lá de importante, chocou todo o país", relata.
Em 1960 quando deixa de morar na roça e vem em definitivo para a cidade de Santa Rita, ela acompanha a posse do presidente Jànio Quadros. Entre as notícias que vão ocorrendo da década de 60 até hoje, ela foi preparando na sua cozinha bem mineira vários pratos deliciosos: angu, tutu de feijão e a carne de porco. Uma delícia.

Texto publicado no jornal Minas do Sul em 21 de outubro de 2000.
Escrito em 20 de outubro de 2000
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