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Cartas-->TEATRO, PERSONA E MULHER -- 11/09/2003 - 20:22 (Eve) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TEATRO, PERSONA E MULHER

Vou começar falando do que sinto hoje e propor a ti um novo diálogo. O tempo vai e aos poucos vou conseguindo decifrar os mistérios desta vida em que me encontro. Aos poucos, vou sentindo pulsar o que os humanos chamaram de “coração”. Caí por terra sem um corpo alado, mas com uma mente infinita. É por ela que escrevo, é ela que me inspira. Dentro dela estão as chaves para todo qualquer conhecimento. A questão é: em que parte dela os mistérios se escondem? Como se tudo não passasse de um labirinto, onde de olhos atados está nosso corpo físico que procura enlouquecidamente por nossa alma, que se encontra em matéria dourada no centro deste labirinto. O centro deste labirinto é iluminado por um eixo de luz branca que emana raios azul-claro. E essa luz dirige-se ao topo e atravessa toda a alma dourada.
O que me intriga são os processos individuais. Aquilo que somente nosso íntimo é capaz de escutar, ver, conhecer e saber. Que tipos de sonhos nos visitam a noite, que tipo de cheiro sentimos no ar, a que tipo de toques somos mais sensíveis. O que faz de mim um ser e de você outro, o que nos une por semelhança.
Compreendo que somos formados por diversos personagens que compõem de uma maneira geral nossa personalidade. Somos capazes de desempenhar vários papéis e representar de maneira artística o quanto quisermos, ou o quanto as situações nos obrigarem a fazê-lo. Alguns de nós possuem mais facilidade par com isso, outros nem tanto assim. Mas com o passar do tempo, digo, quando transcorremos da adolescência para a fase adulta (isso pode variar de pessoa a pessoa) passamos por um processo de transformação. Como se o terreno fosse limpo e uma nova vida passasse a ser construída. E essa nova fase, poderá ser construída sobre bases antigas, sobre ruínas ou bases novas. Geralmente essa nova fase vem depois de um momento delicado, um momento de aprendizagem pelo qual passamos e onde começamos a perceber as coisas de uma maneira diferente da anterior.
Começaremos por identificar nossos vários tipos de “personagens”. Lembre-se de você durante o dia: no trabalho, na hora do almoço, numa festa, na casa de parentes, caminhando na rua, tomando banho, dormindo, no cinema. Como você trata as pessoas com quem convive? O que pensa dentro de um ônibus, de um trem lotado depois do trabalho? Depois de pensar e ver suas várias “máscaras”, quero que pense qual delas é realmente você. Temos várias definições sobre nós mesmos, mas essas definições são dadas e faladas geralmente na frente de outras pessoas. O que, olhando no espelho, eu realmente enxergo? E o que acontece para que eu aja de maneira lógica com aquilo que sou?
Começasse a notar que algumas coisas nos estimulam mais que outras. Enquanto algumas coisas nos agridem, outras nos fortalecem, nos dão alegria. Identifique essas coisas. Que lugares, leituras, filmes, comidas e até pessoas que fortalecem ou inibem. O ser humano, assim como a vida e os ciclos naturais é de natureza oscilante. O ser feminino ainda mais por ter uma sensibilidade astral mais acentuada que o sexo oposto. A mulher possui um ciclo muito mais intenso e podemos perceber isso de maneira bem clara: em períodos férteis, antes e durante a menstruação. Logo sofremos uma identificação muito acentuada com as energias astrais e psíquicas de um ambiente ou emanadas de outras pessoas. Não digo aqui que homens não possuam ou possam desenvolver essa sensibilidade, pois tanto homens quanto mulheres a possuem. Alguns apenas desenvolvem mais que os outros.
Após reconhecer essas oscilações procuramos por respostas e proteções. Reconhece-se então que sofremos ações de agentes externos e que essas ações produzem reações que na maioria das vezes dá-se de maneira inconsciente. Essas reações variam entre troca de humor repentino, cansaço, mau humor e todas esses distúrbios emocionais que variam em espaços curtos de tempo de origem não patológica. Essa falta de constância dá-se por falta de educação da personalidade, que sensível aos agentes externos, identifica-se com o ambiente, adota uma máscara que corresponda ao palco já montado e entra na peça (teatral) em andamento. O que perde-se? O verdadeiro Eu. Aquele ser constante, essencial, que é puro. Esse ser é a nossa identidade na vida. Quem virá a ser o diretor desse espetáculo, no qual nossa persona desfila descontrolada e vaidosa exibindo suas máscaras e assumindo todos os personagens?! O nosso Eu real. Nós podemos ser o diretor de nossa personalidade, fazendo com que ela dance conforme a música, desempenhando seu papel sem interferir na obra.
O que faz com que a personalidade assuma o que não lhe pertence? Em situações cotidianas, percebo-me agindo de maneiras que diferem completamente daquilo que sou. Suscetível a lugares, pessoas, transformo o Eu Real tão e somente num ser neutro, vestido de preto onde a personalidade e seus amigos (carência, vaidade, egoísmo, preguiça, raiva, medo) fazem a festa num palco que não deveria lhe pertencer. Pergunto-me porque o ser feminino é tão doce, sensível e ao mesmo tempo tão insano e descontrolado? Porque algumas de nós vêem e escutam aquilo que outros sequer poderiam imaginar? Até que ponto nosso interior projeta-se ao exterior e o que impede que isso aconteça. Acredito que homens e mulheres possuam o mesmo teor em si, como se fossem seres neutros, mas que por fatores fisiológicos naturais assumem características de personalidade oposta. Hoje em dia a confusão entre o sexos é evidente e não mais podemos definir ou especificar aspectos sobre os mesmos. Existem muitos fatores em jogo, por isso restrinjo-me aos dois seres naturalmente opostos porém complementares, que chamamos: homem e mulher. Como nasci mulher, evidentemente que falarei sobre o que há dentro do meu ser, pois é onde estou mais conectada e onde passo a maior parte do meu tempo tentando decifrar. Chegamos num ponto interessante. O ponto onde pode-se separar várias partes de um todo e estabelecer relações entre elas. Como a teoria de Capra, do universo sendo uma teia gigante interligada. Existem partes do nosso todo que buscam por sonhos e idéias que compreendemos aos poucos.
Mas o que acaba tornando-me um ser feminino?
Que tipo de papel eu ocupo neste palco. O que faz com que eu assuma ser uma mulher, que promova a vida e inspire à outros seres. O que torna-me um ser sensível, delicado e nobre. O que me enche de coragem e certeza sobre um mundo insano mas que pode gerar momento felizes. O que me mantém acreditando que possuo um amor tão grande sobre alguém que hoje é um homem nobre de olhos azuis e coração puro. O que faz com que eu queira abandonar este lugar fechado, sem janelas e com homens brutos para promover uma pouco mais de humanismo e sensibilidade. O que me torna capaz de ouvir a dor e a alegria somente olhando para o rosto de uma pessoa. O que faz com que eu seja capaz de ouvir os pensamentos das pessoas. O que faz com que eu compreenda a lógica que observo na natureza, nos sonhos, nas pessoas. O que me torna casta, suave e constante. O que mantém minha fé. O que gera em mim o amor. O que faz com que eu ame a crianças e doe minha vida pela salvação delas. O que faz com que eu tenha vontade de abrir meu coração. O que faz com que eu dê a espada ao cavalheiro e o inspire a lutar. O que faz com que eu converse com rostos estranhos mas almas familiares. O que faz com que eu sinta que todos os seres humanos são sagrados. O que faz meu coração sentir que as almas são puras e que a essência humana é de origem divina, logo boa. O que faz com que fique feliz ao perceber que temos a mesma origem e que todos deveriam ter justiça. O que faz com que eu esqueça da minha persona e ame aos meus semelhantes. E o mais importante é o que faz com que eu evidencie o meu belo sem dar muito ao não tão belo assim: eu não nego aquilo que não agrada aos olhos; não fujo dos meus cantos escuros e embolorados; não escondo a face deformada atrás de belas máscaras decoradas. Eu encaro o que não me agrada, ilumino com a luz da chama que carrego os cantos escuros do desconhecido que porto e olho no fundo dos olhos da face do meu próprio terror. Porque que não quero usar máscaras; eu quero dirigir minha peça e encontrar o centro do labirinto.
Isso torna-me uma mulher, uma guerreira, uma idealista e uma dama.

(Eve A. Melo)

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