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Poesias-->A Ho(n)ra P (ol) uída - Paulo Nunes Batista -- 21/01/2008 - 22:56 (m.s.cardoso xavier) |
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A Ho(n)ra P(ol)uída
Paulo Nunes Batista
O caso é este:
Já não se faz poente
como antigamente!
Um sol de néon se põe
sobre um horizonte de plástico.
Os humanos robôs assistem a esse
espetáculo
com seus olhos de vidro, suas mãos de metal.
Nesta ho(n)ra p(ol)uída, o que resta
da vida
após o Armageddon total?
Os pássaros de Aço sobre
árvores de cimento armado
ainda tentam cantar.
O som apodreceu. O que era Grito é
mármore,
e virou pedra o ar.
Parecem ainda nadar os peixes
fictícios,
todos de uma só cor.
Mas não restam senão duas duríssimas Lágrimas
que um Deus qualquer chorou
sobre o altar dos derradeiros
Sacrifícios
no Ritual do Horror.
Quis falar, sem sucesso, uma Boca
eletrônica.
Mas não havia mais
uma palavra só, após a DOR
atômica -
a não serem uis! e ais!...
E toda a Arte - dos antigos aos
modernos -
de que memória havia nos museus
-
tudo subiu pros céus, na explosão
dos Infernos
ante os olhos atônitos de Deus!
E uma jovem sem cara exibiu o seu
sexo
numa palma de mão:
foi tudo o que sobrou, depois de
cem mil séculos
do Show de Armageddon.
Surdo-mudo, paralítico, asssexuado e
cego -
após dar-se na próxima mente o
Grande Nó -
o último homem entregou sua alma
toda ao ego
e nunca se sentiu tão infinitamente.
Só.
(Paiol Literário, jornal Diário da Manhã, 27- 1997
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