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Contos-->O SABIÁ QUE NÃO CANTAVA -- 06/03/2007 - 18:16 (Jair Fonseca Martins) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O SABIÁ QUE NÃO CANTAVA

A bela varanda dava a vista para um lindo serrado da região agreste. Numa rede, se balançava o senhor Aristides, homem severo, de porte semelhante aos antigos coronéis do sertão nordestino. No canto do terraço numa gaiola grande, abastecida de maxixe em rodelas, um sabiá, pássaro encantador adornava o interior daquela gaiola. O silêncio no ambiente era tão grande que podia-se ouvir ao longe o cochiar das rãs. Dado momento esse silêncio é quebrado por um barulho que se aproximava. De um pulo o senhor aristides se levanta e vai ver o acontecido. Mirna a gata de estimação tinha pulado em cima da mesa atraída pelo cheiro da manteiga. Bravo o senhor Aristides dá cabo da vassoura e corre atrás de Mirna, mais em vão. A gata de um só salto sumiu de porta afora. Senhor Aristides volta para sua rede resmungando a falta de sossego. Ele era um homem de sessenta anos e sozinho. Viúvo a quinze anos, tinha três filhos; Marielza, Antonio e Lourival. Todos três casados e residentes na cidade. Senhor Aristides não quis casar novamente. Também podera, quem o iria aguentar? As pretendentes que apareciam eram muito tímidas, deixando-se vencer pela sua austeridade .

Dona Joaninha uma senhora de meia idade era a sua serviçal nos afazeres da casa. Logo cedinho ela chegava. Morava ali por perto, em uma casinha nas terras de senhor Aristides, e logo ao sol se pôr, ela seguia de volta para sua casa. Essa era sua rotina. Dona Joaninha se sentia cansada não só fisicamente mais emocionalmente pelo ambiente desmotivado daquela casa. Ela precisava achar uma esposa para senhor Aristides. Matutando em seus pensamentos,lembrou-se da comadre Jacinta, uma mulher afeiçoada no vigor dos seus cinquenta anos e que ja ouvira de senhor Aristides comentários sobre os seus dotes feminino. Jacinta era uma mulher disposta , já havia se casado e agora estava separada a mais de sete anos. O seu ex-marido desbrenhou-se pra as bandas do sul do país e lá ficara .

Arquitetando uma de cupido, Joaninha pensou: - senhor Aristides e Jacinta são dois solitários que precisam se encontrarem para anular a solidão. Um certo dia Joaninha convidou Jacinta a subir com ela a casa do senhor Aristides dizendo: - Eu tenho pena daquele malvado, é tão sozinho, apesar da sua austeridade ele é um homem bom. Quem lhe faz companhia é o velho canário que não canta. Quem sabe com a sua visita ele se anima. Eu já vi os olhos dele quebrado pro seu lado e as orelhas em pé quando se fala em seu nome. Joaninha convence Jacinta que também carente de um xodó aceita o convite e sobe com ela a casa do senhor Aristides.

O sol começava a esquentar os seus raios quando elas chegaram. Senhor Aristides estava a alimentar o sabiá. Joaninha e Jacinta preparavam o café com bolo, cuzcuz ensopado e uma macaxeira arracanda da terra na hora. O aroma do café foi chamativo. Senhor Aristides foi até a cozinha e qual foi a surpresa, lá estava Jacinta. Ele as cumprimentou com um” bom dia!” e se foi dar ao trato.

Sentados a mesa para o café, o olhar de senhor Aristides para Joaninha é uma pergunta: - “o que está acontecendo? Por quê a presença de Jacinta?” Antes que as perguntas fossem verbadas, Joaninha foi logo se descupando: - Senhor Aristides eu trouxe a Jacinta para ela me dar uma mãozinha nos serviços da casa, estou com as minhas costas doendo. O senhor não se importa não é mesmo? O senhor Aristides deu o silêncio por resposta. O ditado já diz que quem cala consente, as duas sentiram-se a vontade.

Bem mais tarde depois do almoço, a rede começou a balançar, desta feita ao som de um assovio, era uma prova da satisfação do senhor Aristides, coisa que não se via a muito tempo. Jacinta se aproximou da varanda, olhando o serrado comentou: - Esse cenário é lindo! E esse canário não canta por quê? (Jacinta trava um diálogo com senhor Aristides):

Senhor Aristides responde: - Porquê é uma fêmea assustada.

Jacinta retrunca: - E o que tem isso haver?

Senhor Aristides: - Ora, quando se assusta se trava.

Jacinta: - O que é bom pra isso?

Senhor Aristides: - Se soubesse ela já estaria cantando.

Jacinta: - Posso tentar?

Senhor Arisitides: - tentar o quê?

Jacinta: ora, um jeito pra ele cantar?

Senhor Aristides: - Pode. Se conseguir tem de mim um reconhecimento.

Jacianta: - o quê?

Senhor Aristides: - Me prove primeiro que é capaz.

Jacinta: - Não duvide de minha pessoa.

Senhor Arisitides: - o que está esperando?

Jacinta foi até a gaiola brincou com o sabiá, acariciou sua cabeça, fez cócegas no seu papo, enquanto Senhor Arisitides ria-se da besteira de Jacinta. Incabualda pelo fracasso chegou perto dele e num tom expressivo e abusado lhe falou: - O sabiá não canta, não é por quê é fêmea assustada, é sim uma fêmea mal compreendida. Ao que ele lhe respondeu: - Taí vai ganhar o meu reconhecimento. Jacinta espantada: - não entendo mais nada, o sabiá não cantou! E aristides explica: - O sabiá cantou em suas palavras, vou cumprir compreendendo-a.

Na manhã seguinte a rede estava mais pesada no seu balanço, e o sabiá feliz cantava na forma do amor. Joaninha satisfeita aplaudia o ar renovado daquela casa e o sabiá a tudo apreciava.

******

Jair Martins 29/09/06 04h38





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