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Contos-->A ASTÚCIA DE COLÓ -- 09/03/2007 - 11:04 (Jair Fonseca Martins) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A ASTÚCIA DE COLÓ

O dia amanhecera, e sua luz invadiu os cômodos da casa de cor amarela, de duas grandes janelas frontais azuis, de corredor comprido, passarela que levava aos quatro quartos. Ao lado da casa uma frondosa palmeira e um pé de fruta pão adornavam o seu estilo. Dentro dela onze habitantes entre grandes e pequenos faziam-se ouvir em suas tagarelices. Era mais um dia, mais um desafio para o senhor Flaviano chefe daquela família. Dona Odete sua esposa, divida-se em atender as necessidades da casa e dos filhos. Prendada nas artes domésticas, fazia o possível para minimizar as preocupações do seu marido pela sobrevivência da família. Senhor Flaviano era um homem muito interesante, muito amigo. Seu porte de estatura pequena e de volumoso abdomem prendiam um pouco seus passos, fazendo-o remar no pêndulo dos braços. Cultivava um largo sorriso onde podia-se ver um dente de ouro. Ele era um auto-crítico das situações vivenciadas e debochava das dificuldades, talvez como auto-defesa, uma forma encontrada para conviver com as preocupações. Manter sua família alimentada era um ato de honra, regada a uma pressão arterial alta. Os poucos recursos vindos de um salário do seu modesto emprego como servente de uma estatal, o deixava tenso para que nada viesse faltar aos seus.

Naquela manhã, pelas 6h, a lista das necesidades para aquele dia já estava em suas mãos. A priori a necessidde maior estava com o fogão “Jacaré” de querozene que sob uma toalha, escondia-se por não poder cumprir sua função. O querozene tinha se acabado. O que fazer? O velho Flaviano pegou algumas moedas de cruzeiros, foi até a cozinha, por trás da porta, pegou uma sacola de cor cinza, de tecido brim, própria para a afinalidade intencional – comprar o carvão. Dirigiu-se aos fundos da casa onde acima da barreira morava um prestativo garoto de seus 12 anos chamado Coló, um menino criado pela sua avó dona Maria, mulher guerreira que ficando viúva cedo, criou sozinha sua prole de nove filhos com lavagem de ganho e agora criava os netos e entre eles Coló que tinha um retardamento mental que o impedia de falar corretamente, como também agir conforme a sua idade. Sua dicção era de dificil compreensão somente os mais próximos a sua convivência o entendia. Fora isso Coló era de uma esperteza para os serviços que lhe eram confiados. Gozava de afeto por toda vizinhança. Ora, o senhor Flaviano ao pé da barreira chamou-o várias vezes: - Coló! Coló! Venha aqui, preciso que você vá comprar o meu carvão. Me faça esse favor. Coló ao ouvir os gritos do senhor Flaviano desceu com pressa a ribanceira, pegou a sacola e as moedas e se foi para a carvoaria que ficava a uma distância de mais ou menos 30 minutos da casa, contando ida e volta. Passado o tempo natural da espera, senhor Flaviano começou a se inquietar e indagava:

- Cadê Coló minha gente?
-Onde será que esse menino se meteu? Preciso fazer outras coisas e esse menino que não chega.

Somente após 1h e alguns minutos, chega Coló afogueado com a sacola longe do peso dos quilos de carvão pedidos e com sua fala incompreensivel tenta justificar-se. Nesse momento dona Odete aborrecida porque precisava do carvão para esquentar a sopa, ferver a àgua do café, cozinhar o arroz e o feijão, ralhou com o garoto e ele com um tremendo esforço na fala disse em tom zangado: - Demorei porque fui deixar com a minha vó um pouco de carvão. ela também tem feijão pra cozinhar. Diante da sinceridade e do despojamento astucioso de Coló, senhor Flaviano sorriu e com os olhos marejados disse:
- Compreendi Coló. Senta aqui pra tomar sopa comigo, daqui a pouquinho ela vai tá quentinha. E passando a mão sobre a cabeça de Coló acrescentou - Sabe filho, a sobrevivência nos atrai.


Jair Martins 26/09/06 02h20


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