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Erotico-->Quem chegou é bem chegado -- 13/06/2004 - 18:29 (Vera Ione Molina) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sobre a mesinha de centro, uma coleção de maricas que vai desde o canudo de taquara ao cachimbo esculpido, pintado em cores fortes. Para os vestidos amplos, ela prefere tons de roxo, preto e cinza. Nos dias frios, veste blazers masculinos e calça botas. Os lábios bem desenhados, os cantos virados para cima. Quando toca contrabaixo, o olhar é o de uma criança decorando um verso. Erra uma nota e sorri para o amigo adolescente formando uma covinha na face direita. Usa perfumes que dominam os ambientes. Cada menino, ao entrar na sua vida, tem, no primeiro dia, uma visão geral dos feitos dela. Ela vai trazendo para ele cada coisa de que fala: o baixo, a câmera de vídeo, as fotos das corridas de automóvel. O diário de bordo da viagem à Amazônia, onde conviveu em aldeias indígenas, ela só mostra na cama. Volta as costas para o menino e abre uma gaveta. Lê em voz baixa o segredo. Anda nua pela casa. Cintura fina, seios rijos, coxas grossas, cobertas por uma suave pelugem dourada. Conhece bem o papo desses caras quando estão para ir embora: precisam de um tempo, a história não está fazendo bem para a cabeça deles. Sabe que é menos um e se vê no espelho e olha as fotos e os diários. Não entende o que mais eles podem desejar. Não perde tempo ouvindo explicações. Se eles deixaram algum objeto de uso pessoal, ela abre a porta e joga escada abaixo. O cara desce pedindo calma. Ela não o escuta mais.
O período mais difícil de enfrentar é a manhã. Os passarinhos irritam os nervos abalados por tantas separações. As amigas somem da mesma forma que os namorados.
Hoje é domingo. Dia comprido e ensolarado de setembro. Cobre a cabeça com o cobertor. Se pudesse dormir dias seguidos. Vira de bruços e o cobertor embola entre as coxas quentes. É um calor áspero. Fecha os olhos, quer sonhar com sexo.
Suada, ela deixa a cama. Escolhe um conjunto de saia e túnica de batik bege e vinho, combinando com os cabelos ruivos. Pinta os lábios de vermelho e abre a porta da rua para se pôr na roda. Poderá ser bem chegada.
Uma roda de pessoas bate palmas e canta: "Poesia entra na roda, eh, quem chegou é bem chegado, umbigada pra você, eh...
O Mário Pirata pergunta quem já umbigou, passa os olhos em volta e bate nos olhos dela:
"Você já umbigou, moça?"
"Não, ainda não."
Um cara duns cinqüenta anos enlaça-a por trás e coloca as mãos sobre a xoxota dela. Fala baixinho e ela sente um choque elétrico. Vai com ele no Gol vermelho para a zona sul. O homem é baixo, todo peludo: no peito, nas costas, nas pernas. Encaixa todo nela. Enquanto trepam, ela passa as mãos no corpo dele. Os pêlos suados transmitem a sensação de estar presa à terra. Saciados, ele a abraça. Ela não conta nenhuma história.
Vera Ione Molina
Homepage: www.veramolina.com.br
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