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Contos-->Holiday -- 24/03/2007 - 12:09 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Holiday

Fernando Zocca

Mariel Pentelini Demorais, residia em Tupinambicas das Linhas há mais de vinte anos, era auxiliar de funileiro e pertencia à seita maligna do pavão-muito-bem-louco.
Apesar do seu 1,64m considerava-se grande e forte o suficiente para detonar a comunidade toda onde morava. Ele sempre teve tudo para conseguir o que almejava, mas era daqueles que confundia Holiday com olhe daí, por isso as coisas não funcionavam muito bem para ele.
Quando se via contrariado parava nas esquinas e bradava a plenos pulmões:
- Ah, eu vou aterrorizar o bairrooo!
Mariel numa ocasião perambulava absorto numas idéias pelas ruas do trecho e, assim sem ter noção do que fazer pensou que se juntasse latinhas de refrigerante e cerveja conseguiria alguns trocados garantidores de pelo menos seu maço de cigarros diário.
Numa sexta-feira à tarde Mariel Pentelini recolhia as embalagens e as juntava num saco plástico até o momento em que julgou ter o suficiente para vender o produto do seu trabalho ao reciclador da prefeitura instalado à rua das Férias.
O jovem Mariel considerado por seu pai, Nelsão-boca-de-porco, um tremendo braço-curto dos infernos, que fugia da faina da funilaria, ao ver aquela fofinha de cabelos pretos e longos, apesar de barrigudinha, pesando o produto da sua coleta na reciclagem, apaixonou-se por ela.
Demorais achegou-se à jovem e percebeu que a menina, num primeiro olhar também sentiu certa simpatia por ele.
Trocaram as primeiras palavras. Um garoto moreno, com quatro anos, considerados por muitos como meio esquisito, se juntou à jovem mamãe, enganchando-se na perna esquerda dela.
- É meu filho. – Disse a moça. Mariel Demorais achou ser ela bem nova para ter já um filho.
- Nossa! – Espantou-se ele. – Você não tem nem 17 anos e já é mãe?
Então Nair começou a contar sua história:
- Eu tinha 12 anos e acompanhava meus pais catando papel e papelão nas ruas da cidade. Chegou um tempo que eu não agüentava mais o repuxo do lero-lero dos coroas e resolvi sair sozinha com minha carriola. Todos os dias passava numa esquina e lá estava um velho sentado numa mureta, picando fumo. Eu parava e pedia umas moedas. Feliciano dava e eu ia embora. Numa tarde depois que eu pedi a grana ele disse que daria, mas só se saisse com ele. Como eu já estava muito cansada de puxar o carrinho, resolvi sair. O velho ficou meu amigo e namorado. A gente saía nas terças, quintas, sábados e domingos. Ele me levava nos bares e a gente comia coxinha, esfirra e bebia cerveja. Um dia eu percebi que estava muito gorda. Feliciano achou que era gravidez. Logo depois a mulher dele descobriu e junto com as filhas, genros e netas dele começaram a rodear minha casa, falando abobrinhas e dando indiretas. Minha mãe descobriu tudo e o sururu foi terrível. Botaram-me pra fora de casa. Nasceu esse aqui o Oswaldo. Agora estou morando num barraco lá no quintal do Ribeiro. Você conhece ele?
- Conheço sim é primo do pintor que trabalha com meu pai.
Nair continuou contando sua epopéia:
- Procurei um advogado e estou processando o Feliciano. Ele vai ter que dar, por baixo, um salário mínimo, como pensão alimentícia.
Mariel tomado completamente pela paixão esqueceu-se que estava diante da balança onde os catadores pesavam suas coisas e que atrás de si formava-se uma fila imensa. Ele se afastou puxando Nair pela mão esquerda. Olhando-a no fundo dos olhos perguntou:
- Quer morar comigo?
Nair enternecida concordou imediatamente, afinal para quem tem muita fome, qualquer sopa serve. E depois tinha mais: Oswaldo gostaria muito.

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