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Poesias-->COMO AQUELES PASSARINHOS... -- 24/02/2008 - 11:06 (GILSON CHAGAS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
COMO AQUELES PASSARINHOS.... *..



GILSON CHAGAS**



Cangalhas,

Meu berço de areia e palhas,

Secam distantes nossos verdes tempos,

Quando tuas histórias eram repetidas

E as personagens todas conhecidas.



As músicas – única força externa

A romper nossas muralhas -

Sofriam deformações na batalha

E chegavam com vícios capitais:

Tinham notas e palavras a menos ou a mais.

Mas me encantavam o presente

E prometiam futuro.



Que falta ainda me faz

Aquele rádio a pilhas

Que faltava lá em casa!



Cangalhas,

Berço de palha e esperança,

Meu universo-criança!

Qualquer estranho a pôr na “estrada” o pé

Era “estrangeiro”, “cigano”,

Ou “um cangaceiro tirano

Das bandas do Catolé”

O simples rastro espalhava alvoroço.

E a notícia pura nos azedava o almoço



Bom era, nas manhãs de domingo,

Subirmos à proa das oiticicas

Pra ver embaixo os feirantes

Passarem vindos do Alto;

Ou esperar, escondidos e ofegantes,

O jeep sacerdotal

Que ia à missa anual

Ou à entronização de algum santo

Lá da Lagoa do Canto.

.......

As horas de espera nos deliciavam

E alguns felizardos ainda amorcegavam!





Cangalhas,

Base dos primeiros sonhos:

- Êta menino cabeçudo da musenga!

Não enxerga as coisas como os outros vêem

Nem como elas de fato são,

Mas como quer que elas sejam



- Esse maluco não se assunta:

Acredita poder voar

Além dos paus-d`arco e carnaubeiras,

Como aqueles passarinhos da capoeira!



Ah meus pães de ”massa do reino”,

Que Picos (am)assava na sexta

Meu pai levava no sábado,

Para o café do domingo!



Pães tão raros e caros,

Tinham o sabor dos manjares,

De dar dor fina no queixo

Engodavam-me o estômago

E me enchiam de planos:

“Um dia, quando crescer,

Monto um paiol com pães pra dar e vender”

........

Nunca mais achei pão com tais ingredientes!

.

Ah Cangalhas,Minha muralha de palhas,

Lograram-te em tua inocência

E te adulteras sem prudência,

Nos vieses da globalização..

Mas, a cada dia desta minha ausência,

Purifico-te, em essência,

No templo do coração.







* Poema publicado no livro Rodeador Literário, organizado por Jailson Klein.

**Gilson Chagas é escritor e professor universitário em Brasília-DF.

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