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Cronicas-->Natureza Humana -- 20/10/2004 - 00:32 (Carlos Eduardo Canhameiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Natureza Humana

Carlos Canhameiro

- Muito bem, como todos sabiam, hoje é o prazo final para entrega dos relatórios sobre as experiências que supostamente vocês estão realizando. Na minha mesa estão somente dois relatórios, o que me deixou bastante surpreso, porque esperava apenas um. Thomas Threason, estou curioso para saber o que aconteceu neste semestre? Deixe-me ver...? Será o final da adolescência ou uma pausa no videogame. Tanto faz... O outro relatório já estava em minhas mãos há duas semanas. Parabéns Nathaly Havenger. Escute, somente você pode boicotar sua promissora formação. A propósito, o relatório da senhorita Havenger servirá de base para análise de todos os outros, que a partir de hoje perderão três pontos por cada semana de atraso. Tenham um bom dia. Só mais uma coisa... Senhor Liemann, pare de fazer essas caretas infantis para sua colega de classe... Deus do céu, nem parece que tem dezesseis anos.

------

- Vamos lá, Threason. Será que não consegue segurar as mãos direito. Não ouse gritar, piranha ou a promissora formação dos seus dentes vai ser destruída. Threason, passe a fita.
- Fred, alguém pode aparecer...
- Escuta, maricas... Me dê essa maldita fita. Ninguém vai nos ver aqui.
- Liemann, por favor... Você não pode fazer...
- Porra... Putinha, eu já mandei você calar a boca.
- Cara, o que você está fazendo? Você... Socou...
- Cala boca, Threason. Prende a porra das mãos... Vamos ver o que a senhorita Havenger é capaz de fazer? Segura ela, caralho. Segura... Sente o tamanho do relatório. Sente, piranha... Sente.
- Cara, isso não é certo.
- Threason, se abrir a boca de novo, eu fodo você. Sossega cara, depois é a sua vez... Quieta. Relaxa que vai ser melhor... Estou quase gozando... Vai se preparando cara... Se abrir a boca, Nathaly, sua carreira será curta!
- Fred, eu não quero fazer isso com ela.
- Maricas... Segura ela direito.

------

- Filha, estive no colégio hoje. Seus professores estão assustados com a sua conduta. Dizem que você tem faltado, entregue provas em branco... O que está acontecendo?
- Nada mãe...
- O diretor disse que os professores não irão te reprovar porque você foi uma aluna excepcional no começo do ano. Filha, eles queriam te reprovar...
- Eu vou me esforçar...
- É melhor você fazer mais do que isso... Vou falar com seu pai.

------

- Mãe, estou grávida.
- Acho que vou vomitar...
- Nathaly... Você está falando...? Quem? Ah, Quando...?
- Acho que estou no começo do quarto mês...
- O pai... Quem é...?
- Mãe, não faz diferença, ele já fez o que tinha que fazer. Vamos tentar ser práticos.
- Não ouse falar com sua mãe neste tom. Nós temos o direito de saber quem é o pai... Filha, o que aconteceu?
- Pai, agora tudo é inútil... Eu não queria que fosse assim... Eu só espero o apoio de vocês... Ele não vai assumir e eu não quero vê-lo... Não quero passar por isso. Eu não sei o que fazer.
- Nós vamos te ajudar... Não é mesmo, querido.

-------

- Filha... Eu conversei com o seu pai... Entenda..., mas nós achamos melhor você se mudar para a casa da vovó...
- O quê? Mãe, é muito longe... É do outro lado do país.
- Eu sei... Mas seu pai acha melhor não expor você... Imagina o que irão falar da sua... Não te deixariam em paz na escola... Filha, é para o seu bem e..., do seu filho.
- Mãe... Eu sempre vivi aqui. Meus amigos... O colégio...
- Nathaly, acredite, é o melhor para você. A vovó adorou a idéia e nem ficou brava com a gravidez. Não é o que planejávamos para você, filha... Mas sua inconsequência tem um preço alto a pagar.
- Meus amigos...
- Você fará novos... Você é boa nisso. Vem aqui, me dá um abraço.

------

- Joshua Spithfull. Arrume suas malas, vamos viajar.
- Pra onde, mamãe?
- Você vai conhecer seu pai.

------

- Pois não?
- Meu nome é Nathaly. Eu tenho hora marcada com o senhor Liemann.
- Pode entrar, senhora.

------

- Entre. Frederick Liemann. Muito prazer.
- Eu duvido que você seja capaz disso.
- Desculpe, do que a senhora está falando?
- De nada, Fred. Espero que se lembre de mim: senhorita Havenger.
- Nathaly... Deus do céu, há quanto tempo?
- O suficiente para você se aproximar até de Deus. Vou direto ao ponto. Não nos vemos a sete anos...
- Você abandonou a cidade logo depois do natal... Ninguém soube o motivo... Seus pais disseram na escola que você estava se tratando de uma doença grave.
- E estava mesmo. Os médicos me diagnosticaram com o mal de Joshua. É esse pequeno garoto que está comigo. Meu filho que, pelas razões insondáveis do destino, ou de Deus, como você preferir, é seu também.
- Como?
- Isso mesmo, senhor Liemman. Este é seu filho Joshua Spithfull. Fique tranquilo e preste atenção no que vou dizer. Desde que Joshua começou a entender o mundo, eu disse para ele quem era o pai dele, como tudo havia acontecido e que um dia iríamos te encontrar. Aqui estamos. Joshua irá passar um ano com você porque tenho um trabalho a fazer em outro país que tomará todo o meu tempo. Não fale ainda, Fred... Sei que é um homem inteligente, então, se quiser comprovar a paternidade, pegue um fio de cabelo de Joshua e leve junto um fio seu em qualquer laboratório... Eles comprovarão. Joshua já sabe que não poderei ficar com ele, não é querido?, e saberá se comportar. Ele me ligará sempre às sextas-feiras às 19 horas no meu celular. Não ouse me ligar, Fred, a não ser em caso fatal... Fique tranquilo, ele não é capaz de entender tudo o que falamos. Espero que vocês consigam se dar bem... Joshua tem orgulho de você e sei que não o desapontará... Não é mesmo?
- Mas... Nathaly... Por quê?
- Fred, não procure explicações. Aqui está seu filho, cuide bem dele e não me procure. Joshua, me dá um beijo de adeus. Ligue toda sexta-feira, mamãe ficará esperando. Tome conta do papai. Adeus querido e adeus Fred. Ah, procure se interar da história sobre como se deu nosso relacionamento... Joshua terá o maior prazer de contá-la e talvez você fique surpreso com a minha criatividade. Adeus.
- Papai... Posso te chamar assim?

------

- Ele cresceu. Está lindo e cada vez mais parecido com você. Venha aqui dar um abraço na mamãe.
- Joshua, sente ali naquele banco. Papai precisa conversar com a mamãe.
- Pelo visto vocês se entenderam muito bem. Fico feliz.
- Nathaly... Ele é maravilhoso. Eu não posso acreditar. Aquele dia, no escritório... Nossa! Achei que minha vida tivesse ido para os ares... Mas não.
- Você sempre foi surpreendente.
- Nathaly... Eu era jovem, não sabia o que fazia... Você era uma cdfzinha chata. Achei que pudesse te dar uma lição.
- Fred, você destruiu a minha vida. Eu tive que abandonar meus pais, amigos... Minha escola... Eu também queria cursar Direito. Você fez muito mais que me dar uma lição.
- Se eu pudesse voltar no tempo...
- Não pode.
- Mas... Pense hoje. Olhe esse menino lindo. Ele é nosso filho. Eu sou pai... Isso é maravilhoso. Sabe... Deus escreve certo...
- Não. Eu não preciso disso.
- Nathaly, esse ano foi maravilhoso... Esse menino... Ele é incrível. Nós nos demos tão bem. Foi errado o que fiz e não posso reparar o erro, mas posso me arrepender de ter feito o que fiz. E... Olha, Joshua é o lado bom disse tudo. Me perdoa?
- Joshua, querido, venha aqui um minuto.
- Você foi tão espetacular em inventar uma história sobre mim... Olha aqui o meu garotão!
- Joshua, seu pai me estuprou quando eu tinha dezesseis anos. Sinto muito, querido, mas agora ele tem que pagar.
- Nathaly, largue a arma... Não.
- Desculpe querido.
- Joshua? Joshua? Meu filho, fale comigo. Você... Você atirou nele... Deus, Nathaly, você matou nosso filho.
- Naquele final de agosto, há oito anos, você tirou tudo de mim, senhor Liemann. Hoje, estou tirando algo de você.
- Joshua...?
- Ele está morto, Fred. Invente qualquer história para justificar sua morte ou conte a todos a verdade, tudo o que fez e todas as consequências... Minta se quiser, você é bom nisso. Adeus.
- Você matou...
- A propósito, se lembra do Threason? Descobri que ele havia se suicidado um ano depois da formatura. Pobre Thomas.

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