SER
NORDESTINO
Ser nordestino, seu moço
É ter nos zoi dois caroço,
Que é pras muié espiar.
É vê adonde se assenta,
Ter dois buracos na venta
Para um cangote cheirar.
É também ter as zurêa
Pra mode ouvir coisa fêa
De quem gosta de fuxico.
É ter no seu quengo
maliça,
Pra se livrar da mundiça
E mode não ser jirico.
Ser nordestino, também
É saber pilar xerém
Para os canaro cumê.
É saber dançar forró
Mesmo com muié cotó
Inté o amanhecer.
É estufar a titela
Quando monta numa cela
Para um boi brabo laçar.
È num ter vida de luxo
Mas ter comida no buxo
Pra sua fome matar.
É tomar banho de bica,
Cumê pamonha e canjica,
Buchada, peba e preá.
É tomar muita coalhada,
Cumê cuscuz, carne assada,
Milho verde e mungunzá.
Ser nordestino é mangar
De quem veve a falar
Das coisa da vida alêa.
É pedir bença aos mais
véi,
Mandar também que se réi
Caba que faz coisa fêa.
Ser nordestino é crer,
Pedir e agradecer
A Padre Ciço Romão;
É espiar para o céu,
Tirar do quengo o chapéu
Com fé no seu coração.
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