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Contos-->Gravatas Sóbria -- 12/04/2007 - 11:23 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Gravatas Sóbria


Fernando Zocca

Van Grogue depois de ter participado da festa de casamento da vizinha bonitinha considerou todos os elogios recebidos pelo design da sua gravata como gentilezas jamais sentidas.
O sucesso deixou-o tão empolgado que iniciou processo idealizador de uma fábrica do ornamento.
Então naquela tarde ele sentou-se num dos bancos instalados às margens do rio Tupinambicas das Linhas e acendendo um charuto cubano fabricado na Bahia, deu asas à imaginação.
Os tecidos com que manufaturaria as peças deveriam ser especiais. Uma linha do produto teria a seda pura chinesa como substrato e por serem desde já consideradas os carros-chefe da industria teriam preços médios; nada além dos R$44.
Tupinambicas era uma cidade pequena; é claro que toda a produção deveria ser exportada. Ou se não, pelo menos seu mercado consumidor teria de se localizar nas grandes capitais.
Van sabia que em São Tupinambos poderia contar com os parentes do seu particular amigo Salim, considerado um dos maiores lojistas do interior do Estado de S. Tupinambos.
Ante a idéia de que a polícia federal poderia estar no encalço do patriarca da família, Van tranqüilizou-se lembrando-se das estatísticas publicadas nos jornais dando conta de que os endinheirados possuíam algumas imunidades contra os chamados “rigores da lei”.
Grogue pensou que se encontrasse muita dificuldade, principalmente com o capital inicial, poderia valer-se dos favores de um deputado amigo seu junto a gerência do banco Vossa Caixa.
O amigo de Van não era outro senão o não menos famoso e aclamado deputado Tendes Trame, um dos maiores e bojudos traficantes de influência do estado.
Van ponderou ser praticamente impossível o insucesso do empreendimento. Seu time teria gente de peso. Na ponta direita Salim; no meio do campo Tendes Trame.
Na zaga... Na zaga Grogue não sabia quem escalar. Talvez para sanar o problema de espaço físico da fábrica, convocasse Jarbas o caquético.
Uma das razões para que o nome de Jarbas-o-caquético lhe viesse à consciência foi a de ter, o alcaide do revés, certa facilidade com os chamados atos administrativos licitatórios.
Num gesto de amizade e retribuição de muitos favores, ele poderia engendrar uma papata na prefeitura e, a doação de algum imóvel, a quem o auxiliou a manter-se no cargo por tanto tempo, seria compensadora.
Esticando o braço e batendo com o indicador direito no corpo do charuto Van lançou a cinza ao solo.
Dando uma tragada profunda ele então resmungou:
- Seria necessária uma campanha publicitária intensa para o lançamento
das Gravatas Sóbria. Terei de investir algum legume. Mas com certeza meu amigo Silvo Santer me dará algum espaço no seu canal de tevê. Ele não é hebefrênico, haverá de convir que o produto é bom.
Então como se seu olhar estivesse perdido em algum ponto do horizonte Van imaginou os louros da glória. Justapondo as mãos e tendo os polegares colados, à semelhança do que fazem os diretores de cinema idealizou olhando o retângulo:
- Nossa! É a glória! Já posso ver nas manchetes dos jornais: “Van Grogue, ‘o mais melhor de bão’. O industrial mais famoso de Tupinambicas das Linhas financia filmes para obter desconto nos impostos. E nas capas das revistas: Grogue abre filial de sua fábrica na Flórida”. Mas não é mesmo supimpa?
Do enlevo ele foi arrebatado subitamente pelos ruídos feitos por um caminhão do corpo de bombeiros que passou ao seu lado igual a pé-de-vento. Atrás, na poeira revolvida na rua, vinha uma ambulância com a sirene clamorosa.


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