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cronicas-->MATURIDADE E PLENITUDE -- 21/10/2004 - 19:58 (ANTONIO MIRANDA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MATURIDADE E PLENITUDE

Antonio Miranda

Quando eu era menino achava que nunca chegaria aos 40 anos de idade, que o tempo fluía muito devagar, que jamais ultrapassaria o século 20. Completei 64 anos e agora penso que o tempo flui vertiginosamente, que os dias são demasiado breves, as horas do dia não são suficientes para realizar tudo o que programo...

Quando eu era menino pensava que a morte era uma necessidade, não via a vida com o mesmo entusiasmo de hoje e cada dia era um dia a menos. Agora penso o contrário: que viver é um privilégio, que cada dia é um dia a mais de construção e realização pessoal, vivendo a plenitude da existência.

Creio que sou feliz.

Quando eu era menino, a felicidade vinha por exceção, a intervalos entre a melancolia e a incerteza. Na maturidade, dependo menos dos outros para ser feliz. É na solidariedade, no compartilhamento das responsabilidades que eu mais me realizo: na sala de aula com os meus alunos, nos projetos com os colegas, nas atividades culturais e científicas, é trocando experiências que eu me sinto melhor, gasto energias sem me fatigar. O ócio cansa mais. A inércia parece desfalecer as energias enquanto que a ação contínua como que reativa as baterias.

Tenho medo de envelhecer...

Um jovem aluno meu revelou-me que se sente "um velho de 60 no corpo de um jovem de 20". Eu respondi: pois eu me sinto um jovem de 20 anos no corpo de um velho de 60...

Nada mais que isso. E não vivo de saudosismo, nem lamento o tempo que passou. É óbvio que o tempo acumula em mim suas experiências, suas renúncias, superações. "Fui abandonando partes de mim aonde fui", eu escrevi quando era jovem. Agora ando recolhendo partes de mim aonde vou... Memórias de mim. Com um certo extranhamento e sem nostalgia, sem aquele desconforto generoso e grave da saudade.

Viver é recordar? Não. A minha bússola aponta sempre na direção da aurora, por mais lugar-comum e cafona que possa parecer aos demais. Eu só me oriento na direção das coisas que eu estou fazendo e só olho no retrovisor quando quero ultrapassar...

Para finalizar esta confissão de felicidade, deixo registrado este poema que escrevi recentemente (inspirado na computopia do grande Yoneji Masuda):


FUTUROLOGIA

Uma sociedade em que as pessoas
nada têm
mas de tudo usufruem.

Olhando no retrovisor
assim haverá de ser.


Brasília, setembro de 2004.

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