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Contos-->O DIA EM QUE OS MESTRES DA MÚSICA FORAM PARA UM JANTAR -- 24/02/2001 - 17:40 (denison souza borges) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Dia em que os mestres da música foram convidados para um jantar

O jantar tinha sido na mansão que o maestro Mendelssohn herdou do pai. Foi uma loucura e uma ação única; tantos gênios de gerações diferentes reunidos numa noite só. O anfitrião ficou muito orgulhoso de seu feito; algo comparado com o seu ressuscitamento da música de Sebastian Bach, que inclusive, confirmou presença garantida no jantar da qual o maestro teve a ousada idéia de organizar.

Dvorak foi o primeiro a chegar; todo tímido e provinciano, como sempre, já chegou se desculpando dizendo que só conseguia jantar às 20:00 hs, que a hora marcada - 22:00 hs - ficaria muito tarde para uma pessoa, como ele, que dorme cedo. Mendelssohn sorriu compreensível e ordenou a um garçon que servisse adiantadamente o amigo. Eles conversaram um pouco sobre canções tomando um vinho muito especial.

A pequena orquestra tocava o concerto de cello do mestre eslavo em sua homenagem, quando foi obrigada a mudar de música à entrada do próximo convidado; nada mais, nada menos que Frederick Chopin. Ao som, numa versão orquestral, de suas valsas, Chopin atravessou o salão e juntou-se com os amigos.
Chopin: O nosso querido Grieg vem, não vem?
Mendel: Sim!
Chopin: Terei o prazer de ouvi-lo ao piano!
Mendel: Mas... Ludwig também vem... sinto muito...
Chopin: Oh... bem...Sejamos democráticos... contanto que ele seja o último a usar o piano e deixá-lo inútil à vontade...

Todos riem descontraídos, quando a orquestra muda o tom e passa a fluir de forma atonal; todos sabiam de quem se tratava - Schoenberg; e não veio só. chegou acompanhado logo atrás de Mahler, Stravinsky e Messiaen criando uma certa confusão na orquestra, que teve de agradar à todos tocando um pouco de cada mestre. Mendelssohn logo se levantou orgulhoso: Oh... a turma da dissonância!!!
Todos três, impecavelmente bem vestidos com paletós e gravatas, responderam um pouco constrangidos pela "dissonância" enfatizada por Mendelssohn.
Mahler: Ora, em última instância, somos todos românticos, não?
Dvorak: É... depois da "Eróica" todos são românticos...
Chopin olhou Dvorak com desdém.
Mendelssohn: Bebamos à diversidade em nossas obras... é para isso que aqui estou.

Depois das 22:00 hs os convidados ilustres começaram à chegar em intervalos cada vez menores; primeiro, o casal Schumann, depois outro casal - Tchaikovsky chegou acompanhado da Senhora Von Meck; foi um dos momentos mais nobres a entrada deste casal... a orquestra tocou solene o tema inicial da Quarta Sinfonia do mestre russo; Dvorak chorou.

à medida que a noite se aprofundava muitos chegavam; mestres da escola veneziana, romana, tcheca, o grupo dos cinco, o grupo dos seis, Cézar Franck chegou suando e sorrindo, falando alto. Todos estavam felizes quando chegou quem faltava na bebedeira - Amadeus!!!
Mozart chegou com esposa, filho e garrafa na mão - já bêbado - cantando uma ária de Idomeneo. Foi apropriada a chegada do brincalhão. Mesmo Schoenberg ficou mais descontraído. Começaram à se espalhar - Mozart divertia com um violino uma mesa de amigos, Schubert formara um grupinho em torno do piano em um dos salões mais íntimos, Paganini se exibia para um grupo de senhoras num canto do jardim, Liszt, do lado oposto, tocava os Prelúdios de Chopin melhor que o próprio Chopin para outro grupo de senhoras, Vivaldi, abandonado numa poltrona, morria de inveja de Paganini, mas tinha que dar a atenção aos repórteres chatos que o entrevistava mais do que aos outros por causa das mais de 100 gravações das Quatro Estações e todos se divertiam à sua maneira.

Um criado se aproxima do anfitrião avisando que Brahms telefonou avisando que não aguentaria estar lá sem a presença de Ludwig e Sebastian e que avisasse ele quando chegassem. mandou um abraço para o Dvorak, que não estava mais lá.
Neste instante a terra estremeceu com a chegada simultânea de Richard Wagner, Verdi, R. Strauss, Haydn, Monteverdi, Palestrina e Haendel; a Imprensa correu como urubus, ávidos por uma entrevista com esta constelação. Por um momento todos ficaram interessados, mas logo voltaram com suas prosas; Saint Saen e Korsakov entraram pelas portas do fundo, devido ao grupo atraente de Wagner ninguém notou quando o simples Bruckner chegou; até ele queria falar e beijar o autor de Parsifal. Ninguém notou também as entradas de Nielsen, Elgar, Britten ou Willian Walton. Bem poucos repórteres davam a atenção rápida à estes.
O espetáculo era mesmo os alemães e italianos consagrados !!!

Para quebrar este clima bairrista chegaram três personagens que realmente desviaram em parte a atenção da mídia; a França se viu representada; eram os amados Debussy, Couperin, Ravel e Bizet. Os repórteres ficaram divididos; os metidos à "intelectual" preferiam os franceses; a massa ficava com os alemães e italianos.

Esta noite, definitivamente, não pertencia aos ingleses e espanhóis. Quase não se notou a presença de Granados, De Falla e cia ltda. Entre os americanos somente Ives foi convidado por Mendelssohn. O mestre Bela Bartok avisou que não poderia comparecer, talvez prevendo este fenômeno "hollywoodiano".

Realmente a mansão dos Mendelssohn mais parecia estar em Beverly Hills do que nos campos europeus. Foi aí que a festa teve um último golpe, todos olhavam curiosos, os repórteres enlouqueciam, babavam, se atrapalhavam em seus fios, a orquestra gelou, tudo parou, até os garçons pararam para ver.
Era Brahms chegando, abraçado ao velho Bach de um lado e Beethoven do outro.
Bach, cego, se guiava através de uma bengala com traços barrocos; Beethoven, um tanto abalado e instrospectivo, colocava um dos braços atrás das costas e o outro se apoiava em Brahms. Foi o momento mais esperado da noite.
Neste momento, pensei como repórter, realmente é chato esta coisa de uns brilharem mais para as câmaras do que outros - uma das consequências negativas disso é o indispensável Bartok não querer vir ao jantar - mas, neste momento de glória, na presença de Ludwig, Sebastian e Johannes, percebi que certos artistas realmente ofuscam todos com a sua consagrada presença e cheguei à difícil conclusão de que isto não é determinado pela mídia ou por um grupo;
é determinado pelo Criador.

Autor do texto: Prof. Denison "Beethoven" Borges Rosario
Beethovendeprav@ig.com.br
Denison@beethoven.com
DenisonBrahms@Bach.org
br.clubs.yahoo.com/clubs/beethovenfanclube


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