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Contos-->OS AMORES DO ALFERES (1954)* -- 17/04/2007 - 21:17 (Heleida Nobrega Metello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
OS AMORES DO ALFERES

(Diário de Minas. Belo Horizonte, 21 de abril de 1954, p. 8.)



(Alferes Tiradentes" - óleo de Washington Rodrigues (Museu de História Natural, Rio de Janeiro)



Na composição de textos de natureza romântica, a vida pessoal de Tiradentes ganharia maiores atrativos quando alguns autores procuraram explicar sua trajetória até a conspiração em função de suas desventuras amorosas.

Um artigo publicado no Diário de Minas, depois de comparar fisicamente Tiradentes aos astros do cinema brasileiro da época, brindava os leitores com uma narrativa que bem poderia se tornar um roteiro para as telas. Vale a pena resgatá-lo, apesar de sua extensão:

“Aos vinte anos de idade teve a sua grande paixão amorosa. O amor que mudou os rumos de sua vida. O amor que permaneceu na memória do tempo e abriu outros roteiros na jornada do herói.

Ele amou como criatura humana. Teve seus sonhos líricos, balbuciou juras de eterno amor, sentiu nos lábios o doce gosto dos beijos que nascem na fonte pura do coração.

Tiradentes teve o seu primeiro e grande amor na figura de Maria, uma jovem filha do ourives de São João del Rey. (...) Maria encheu-lhe a vida de ternura e lirismo.

Era bela nos seus quinze anos. Dotada sob todos os pontos de vista.

O pai, reinol orgulhoso, se opôs ao romance pois não consentiria que sua filha primogênita se casasse com colono, caboclo moreno. E o namoro foi desfeito sob o impacto reacionário do pai cheio de preconceitos.

Ficaram apenas as recordações dos encontros secretos nos labirintos da casa da Pedra na cidade de Tomé Pontes e Tancredo Neves.

Para esquecê-la sentou praça. Andou pelos matos, pelos sertões, pelas minas, pelas encruzilhadas.

Maria, porém, ocupava definitivamente um lugar no largo coração do moço Joaquim José da Silva Xavier, cujos irmãos mais velhos foram sentar praça no invencível Exército de Cristo, tomando hábito.

Outras mulheres passaram pela vida do futuro alferes e mártir da liberdade. Nenhuma conseguiu eclipsar aquela doce Maria, de fala doce, olhar suave como estampa de santa, de cabeleira solta aos beijos da brisa vespertina.

Apenas uma adorável criatura encheu o claro aberto pela fuga de Maria. Deu-lhe carinho e dois filhos. Deu-lhe a constância de um amor que se projetou na história.

Era a companheira do herói, a musa do conspirador, a confidente do sonhador consciente, Eugenia Maria de Jesus é a grande companheira de Tiradentes.

Amor nascido nas sombrias e misteriosas noites de Vila Rica.

Dizem que era linda, alta, olhos grandes e pretos como aqueles contados no "Gondoleiro do Amor", de Castro Alves. Poderia muito bem ser chamada Eugenia Maria de Jesus, a Marília do Alferes.

Foi-lhe fiel. Esperava-o sempre de suas peregrinações audaciosas pelos sítios e veredas.

Guardava para o amante o relicário de suas ternuras. Alisava os revoltos cabelos do herói inquieto. Consertava suas camisas, suas vistosas fardas, limpava suas botas, e à noite, solfejava canções de amor, com o travo da melancolia, para o acalanto do bem amado.

Eugenia Maria de Jesus, a companheira fiel de Tiradentes, com a morte do herói e o seqüestro de todos os seus bens (...) fugiu de Vila Rica.

Sob a proteção do comerciante Belchior Beltrão, amigo do alferes, Eugenia tomou o rumo do Quartel Geral, próximo de Dores do Indaiá, onde viveu alguns anos com os dois filhos cujo pai foi o mártir inigualável da liberdade política do Brasil.” (Os amores do alferes. Diário de Minas. Belo Horizonte, 21 de abril de 1954, p. 8.)

O autor procurava preencher uma lacuna na biografia de Tiradentes, cara às histórias dos heróis: a mulher amada, a companheira.

Poucas foram as obras que se detiveram sobre este aspecto da vida de Joaquim José da Silva Xavier.

Uma das exceções é o livro Tiradentes, de Oiliam José, que dedicou ao tema o capítulo "Fraquezas de Homem".

O autor, depois de uma rápida análise do ambiente moral colonial no qual se inseria Tiradentes, dizendo que ele vivia as liberdades que a sociedade mineira do tempo aceitava ou, pelo menos, tolerava, desculpa o comportamento do herói, pois (...) o amor está presente em toda vida humana, para conduzi-la a um dos dois extremos que se opõem irremediavelmente: os píncaros da santidade e as abjeções do satanismo. E, entre um extremo e outro, colocam-se as gradações mais diversas. Numa dessas, ficaria bem classificar o amor terreno, passageiro de Tiradentes, que, sem atentar em sua condição de cristão, sorveu as volúpias dos sentidos.

Felizmente, porém, o Alferes não permaneceu pelo resto da vida nesses declives morais.

Redimiu-se corajosamente. Abraçou a virtude.

Tornou-se modelo de arrependimento e moralidade.

Fez-se herói também no penoso terreno das paixões humanas. Morreu vivendo as severas exigências da moral cristã! (28JOSÉ, Oiliam. Tiradentes. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1974, p. 63.


Fonte: Rev. Bras. Hist. vol.22 no.44 São Paulo 2002: A Inconfidência Mineira e Tiradentes vistos pela Imprensa: a vitalização dos mitos (1930-1960)* Thais Nívia de Lima e Fonseca/ Universidade Federal de Minas Gerais

fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01882002000200009&script=sci_arttext




postado por Heleida
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