Usina de Letras
Usina de Letras
114 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62186 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22534)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50587)

Humor (20028)

Infantil (5426)

Infanto Juvenil (4759)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->MILAGROSO CAFUNÊ -- 23/10/2004 - 12:37 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

MILAGROSO CAFUNÊ
Juan de la Ville
23 de outubro de 2004


Tinha sido um dia muito agitado.
Jassa era bancária, divorciada, e chegara de uma maratona de resistência no trànsito. Haviam caído as primeiras chuvas nas pistas da cidade. Ela tinha visto muitos carros batidos e vidros estilhaçados durante o percurso. Agora, porém, chegava à sua querida mansão, sã e salva, carregando alguns pacotes de compras no supermercado.
Seu filho Pedro, de quatro aninhos, vem para ela, pulando de contente. Salta-lhe nos braços disposto a matar uma grande saudade da mãe. Encontro feliz.
Jassa pede à sua secretária para cuidar de Pedro por uns minutos enquanto vai tomar seu banho restaurador a fim de relaxar das tensões do emprego e da rua.
Já reconfortada, vem para a sala disposta a curtir a companhia do filho. Senta-se na poltrona. Pedro está no chão bem contente e entretido com os desenhos animados que passam na TV. Associa-se ao entretenimento do filho.Num momento destes é a melhor maneira de relaxar.
Em clima de desenhos animados, a fantasia de Jassa abre uma outra rota e vai parar nas lembranças do tempo em que Pedro tinha apenas um aninho. Era isso. Ainda moravam na outra casa. Pedro tinha exatamente um ano. Aconteceu que um dia, já perto do Natal, observou que seu filho não parava de passar a mão pela cabeça, esfregava os cabelos, punha a mão no ouvido a toda a hora. Tudo coincidia com outro fator: Pedro dormia mal e um pouco agitado.
Preocupada e alarmada,Jassa, sem possibilidades de consultar o pediatra naquele dia, procurou mil maneiras de resolver. Que tipo de incómodo estava atingindo a criança? Pensou várias coisas, como qualquer mãe pensaria num momento destes. E juntando esses fatores observados, de mão na cabeça, mão no ouvido e sono interrompido, concluiu que a maior evidência que se apresentava à sua intuição, era a de se tratar de uma dor de ouvidos. A criança não falava, mas também não chorava. Já era alguma coisa. Mas...o que seria que estava afetando a criança? Jassa decidiu: é uma dor de ouvidos. Só podia ser... não havia outra maneira de explicar a quantidade de vezes que o Pedrinho levava a mão à orelha e à cabeça.Tentando resolver aquele incómodo, Jassa foi ao armário de seu quarto onde mantinha uma mini-farmácia e pegou um antiinflamatório para medicar Pedro, inteiramente convencida de que esta era a medicação certa. Para ela, era uma dor de ouvidos, mesmo. Ou seja, uma otite.
Passou a fazer três aplicações diárias. Mas sem deixar de continuar alarmada. Seu filhote, ainda de um ano, não apresentava melhoras. Sua mãozinha continuava subindo até à orelha e daqui até à cabeça. Só gestos. Sem palavras a explicar. Só mistério e preocupação.
Passaram dois dias e um lampejo de intuição brilhou na cabeça da mãe. Jassa, com muito carinho, pegou o filho no colo, pós um dedo no ouvido dele, tentou fazer uma pressãozinha e carinhosas massagens a ver se a criança acusava a dor no local, mas nada disto deu resultado.
Passou então a fazer um carinhoso cafuné na cabeça de Pedro. Relaxada e abstraída olhava aquele cabelinho liso e preto do neném. Perguntava a si mesma se aquele tipo de cabelo era mais do pai ou mais da mãe . Não tirou conclusões absolutas. Mas no meio daquele relaxe, abrindo os olhos de espantada, observou que um estranho morador passeava por uma das madeixas do menino.Parou. Manifestou uma contrariedade infinita e passou a catar com cuidado os cabelos do pequeno Pedro. Incrível. Parecia uma Babilónia invadida por indesejados habitantes. .A cabeça da criança estava infestada de piolhos. Não era, portanto, otite o mal que afligia seu filho . Eram apenas piolhos.
Chamou a secretária. Pediu-lhe para preparar o remédio contra piolho que tinha na farmácia caseira e marcou imediatamente um banho e uma limpeza geral para a criança, com especial atenção para a higiene da cabeça.
No primeiro dia da semana, Jassa marcou uma consulta com o pediatra de Pedro. Chegando, contou a história da presumida otite ao pediatra. Depois de largas risadas voltou para casa feliz, ao confirmar que os ouvidos de sua cria estavam perfeitos e em ótimas condições. Mas o pediatra não deixou de dar um recado sério: o perigo de medicar crianças com remédios de adultos, alertando para os perigos da auto-medicação, sem a assistência de um profissional.


Juan de la Ville
23 de outubro de 2004
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Perfil do AutorSeguidores: 73Exibido 501 vezesFale com o autor