No ano de vinte e sete,
em um três de fevereiro,
chegou em Parnamirim
Lampião, o cangaceiro,
e,na Vila de Ipueiras
pôs o bando no terreiro.
Foi perto do Açude Grande
onde fez acampamento,
a água era abundante
e fruto para alimento;
e tinha burro e cavalo
e pasto para jumento.
Aristides Xavier,
aristocrata rural,
fora dono dessas terras,
e, em seu leito final,
as deixou para a família,
dando a Pedro o seu aval.
Coronel Pedro Xavier
tornou-se chefe do Clã.
Era homem hospitaleiro
e uma pessoa cristã,
mas, defendeu com bravura,
os seus naquela manhã.
Cangaceiros fazem cerco,
tendo na frente o Tempero;
todo Clã dos Xavier
sem demonstrar desespero
postou-se na defensiva
e começou o entrevero.
O filho do Coronel
conhecido por Dezinho
viu quando o cabra avançava,
o tal Tempero mesquinho
e deu-lhe um tiro na testa,
que ele morreu no caminho.
No caso ficou patente
que o famoso Capitão
Virgulino era sujeito
de muita supertição,
pois, o seu terço quebrara
e viu Tempero no chão...
"Pessoal, vamos embora!"
- Lampião ficou cabreiro -
por ter perdido um amuleto
e seu cabra mais certeiro,
deu ordem de retirada,
que foi cumprida ligeiro,
desistindo da empreitada,
indo embora sem Tempero.
Foi, então, que os Xavier
foram o cabra enterrar
na beira de uma lagoa
que passou a se chamar
de "Lagoa do Tempero"
(assombração do lugar!).
Quando chegou de Serrita
Coronel Chico Romão
trazendo cinquenta homens,
já não mencontrou Lampião
de acordo com reportagem
de uma revista - a Região.
E, assim, outras lideranças
com sessenta homens valentes
chegaram de Cachoeira
e Mata Boi, mais parentes
que foram comer buchada
os folgados "combatentes"!
Que o Coronel Xavier,
quando terminou o assalto,
mandou servir toda gente
na sua casa do Alto,
por achar que a mão divina
o salvou do sobressalto.
Foi em Saga de Ipueiras,
da poetisa Socorro
Xavier, livro que inspira
(ou fonte a que ora recorro)
para falar desses fatos,
daquele heróico desforro!
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