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Contos-->Van e o grito na Ipiranga -- 20/04/2007 - 20:00 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Van e o grito na Ipiranga

Fernando Zocca

Van Grogue andava tão estressado que logo depois da cessação das quizumbas engendradas por Tendes Trame, deitou-se numa rede para descansar abandonando-se ao sabor da despreocupação.
Imagens hipnagógicas surgiram-lhe à consciência vindas de um tempo muito distante, quando ele era ainda criança.
Naquele ângulo de 90° que se formava entre a calçada e o muro da casa velha, na rua de paralelepípedos, o hamster atingido por projéteis de espingarda a ar comprimido sangrava arfando.
Do outro lado da rua, bem defronte, numa sacada, um jovem de short preto, sem camisa, dobrando o cano da arma recarregava-a para mais um disparo.
Os dois moleques, que brincavam na rua, ao se aproximarem compreenderam o que estava acontecendo; pararam então perto do animal ferido.
Van tentou pedir ao atirador que não matasse o bichinho. Mas o outro (o Monteiro) que morava na casa vizinha ao do matador disse:
- É o Beninho que está atirando. Ele vai matar o hamster. Sai da frente!
Van que tentava salvar a vida do animal teve que sair da linha de tiro senão poderia ser atingido.
O atirador malvado, lá de cima mandava chumbo pra baixo acertando o bicho que já perdera a mobilidade. Era a crueldade manifestada naquela tarde quente na rua Ipiranga, uma das mais antigas de Tupinambicas das Linhas.
Grogue vendo-se impossibilitado de fazer qualquer coisa que pudesse reverter a situação imaginou o que seria e o que poderia fazer aquela pessoa lá do casarão se detivesse algum dia o poder.
Ao som dos disparos Van gritou:
- Pare pelo amor a Deus! – Suas palavras ecoaram pela rua deserta.
O Perverso não atendia e continuava com a maldade. Van quase chorou quando um dos últimos disparos acertou o narizinho do bicho.
“Aquele homem lá de cima, com a arma na mão pode tudo?” Pensou o moleque já bastante contrito.
Beninho Lins então vendo que não havia mais graça na violência, cessou a descarga adentrando ao quarto por aquela porta larga do balcão.
Aos moleques da rua não restou nada mais a fazer do que pegar o corpo do morto e enterra-lo na folhagem do quintal da casa abandonada que adentraram, pulando o muro.
Van Grogue acordou assustado.
Com paciência pôde lembrar todas as cenas do sonho que tivera. Ele recordou que alguns anos mais tarde um sobrado imenso construído pelo tio do Beninho Lins, no centro de Tupinambicas das Linhas, ruíra matando muitas pessoas.
Qualquer um poderia saber (até mesmo o Grogue) que dessas injustiças todas nasciam também as desigualdades e a desequilibrada distribuição de rendas.


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