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Contos-->O suco -- 24/04/2007 - 18:35 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O suco

Fernando Zocca

Para que ninguém dissesse ser ela um burro sem rabo, deixou Gabriela crescer o cabelo que já chegava à altura das panturrilhas.
As línguas malignas, dos tais beiços pequenos, (Tupinambicas das Linhas era foda!), comentavam que um dia quando ela catava latinhas no quarteirão achou por bem catar também o namoradinho atual, que vivia ao léu passando seu tempo mais no boteco do que em qualquer outro lugar.
Gabriela tinha a cabeça dura. Apesar dos esforços da sua mãe em apontar-lhe o caminho certo, concluiu a desditada que seu destinou era mesmo a insidiosa seita maligna do pavão abilolado.
Ao encontrar-se com a famigerada vovó Bim Latem, para o preparo dos ritos da iniciação, sabia que fazer maldade, daquele dia em diante, seria seu objetivo principal.
Gabriela possuía todos os requisitos necessários para pertencer ao grupamento maldoso: era analfabeta, indolente, tabagista, alcoólatra e dos três filhos que tivera, todos tinham pais diferentes. Porém dessas variáveis uma era a mais saliente: a desocupação.
Por não ter onde ir e nem o que fazer, Gabriela depois de ingressada na seita, recebera a instrução de que deveria trabalhar. E seu trabalho consistia em cutucar o velhote que residia perto da sua casa.
Diziam que ele gostava de meninas impúberes e babava só de ver uma tal de Alcinda que passava sempre puxando a carroça.

Feliciano e Alcinda

Feliciano, o velhinho, abandonara a mulher com quem tivera três filhas e sumira num dos bairros mais tenebrosos de Tupinambicas das Linhas. Sua ex-mulher voltara para a casa do pai viúvo que era aposentado há mais de 30 anos.
Então curtindo uma solidão que dava dó Feliciano ficava horas e horas, das tardes bucólicas, sentado na mureta defronte ao gramado da sua casa. Quando não aquecia os tijolos do muro baixo com seu bumbum largo, ele descansava os quadris sentando na escada do portão da frente.
Não era raro verem Feliciano empunhando um esguicho a aguar a calçada cujos tijolos desagregavam sob pressão das raízes da sibipiruna crescente.
Quase sempre quando Feliciano molhava o gramado recordava-se de um velho amigo que lhe dissera, numa ocasião, com certa gravidade:
- Você vai crescer muito Feliciano. Igual a rabo de cavalo: pra baixo.
Foi nesse cenário que surgiu Alcinda. A garota cansada de tanto puxar a carroça, e ao ver o pacato cidadão parou, suspirou e pediu R$1.
A primeira reação de Feliciano foi de espanto. Mas logo se compadeceu da menina e tirando da carteira deu a ela uma nota de R$ 1.
Alcinda ficou tão contente que no dia seguinte voltou. Ganhou mais uma vez o dinheiro e essa situação se repetiu por muitas vezes até o dia em que Feliciano convidou Alcinda para entrar.
Respondendo a pergunta dela sobre o que fariam lá dentro daquela casa desabitada, ele respondeu que lhe daria um suco.
Pois foi isso mesmo o que aconteceu. Quando bebia o suco de coco Alcinda soube que poderia ganhar muito mais do que R$1.
Feliciano, numa tarde inesquecível, ofereceu-lhe dez vezes mais para que ela lhe mostrasse a “batatinha”.
Alcinda sentiu vontade de sair correndo e contar para alguém: “Gente, ele tá querendo ver minha batatinha!”
Mas ela não saiu correndo e nem contou para ninguém a novidade. Mostrou o que ele queria ver e ganhou a bolada.
Os fatos sucederam-se até o dia em que Alcinda percebeu estar grávida. Daquele dia em diante a vida da menina mudou.
Sem saber ela aplicara o golpe da barriga e teria com o que viver até a maioridade da criança que nasceria. Com um processo na justiça ela obrigou Feliciano a dar-lhe um terço do que recebia como aposentado.
Nunca mais alcinda puxou carroça.
Gabriela continuou fazendo maldades até o dia em que percebeu estar recebendo de volta todos os furacões em que se transformaram os ventos que plantara.






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