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Contos-->Jarbas o necromante -- 30/04/2007 - 15:25 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Jarbas o necromante


Fernando Zocca


Jarbas o caquético-testudo prefeito de Tupinambicas das Linhas perdia credibilidade e seu governo vacilava. Algumas vozes no entorno, lá na prefeitura, já bastantes descontentes com o rumo dado à cidade por sua política obscurantista pediam algo parecido com impeachment.
O prefeito desconfiava dos secretários e julgava todos os demais integrantes do seu partido como gente disposta a cassar-lhe o direito ao cargo, conquistado com a colaboração de muita gente.
Por temer conselhos equivocados, que o poderiam levar à perda de prestígio junto a pequena massa que o elegera, Jarbas resolveu consultar uma pitonisa.
Na madrugada de sexta-feira ele saiu sozinho, às ocultas, de sua casa e dirigindo o carro velho chegou à periferia da cidade onde residia a pítia.
Jarbas parou o carro na esquina e caminhou a pé até a casa onde morava a adivinha. Ele bateu palmas e do silêncio da madrugada saíram os latidos da cachorrada vigilante.
Mais palmas e ninguém saía. Quando pensava em voltar para o carro desistindo da empreitada, percebeu um ruído que vinha da porta. Ela estava se abrindo e por isso esperou aflito.
A porta abriu-se com rangidos; forçando os olhos para que pudesse identificar aquela figura chata, que aparecia assim tão fora de hora, a mulher perguntou quem era.
Jarbas notou que a atendente tinha os cabelos desgrenhados, vestia um baby-doll branco e, bastante inibida, não sabia o que fazer naquela situação inusitada.
Testudo se apresentou dizendo ser o prefeito da cidade e que desejava uma consulta com ela.
A mulher francamente desconfiada (ela sabia que um grupo de pessoas tentava coibir a prática da nigromancia) disse que não poderia atende-lo.
Porém o prefeito insistiu e contou a ela todo o drama que vinha sofrendo, sua falta de credibilidade junto aos seus parceiros da prefeitura, do partido e eleitores.
A adivinha condoeu-se e afastando com um chute o cachorro que desejava escapulir para a rua, fez com que o consulente entrasse. Ambos sentaram-se no sofá.
Jarbas chorou e pediu que ela invocasse os mortos. Queria saber se realmente seus adversários políticos venceriam a refrega e se os crimes contra os cofres públicos, cometidos por ele, seriam punidos.
A mulher insinuou a necessidade de dinheiro e prontamente foi atendida por Testudo que tirou do bolso um maço de notas amarfanhadas.
Ao entregar o dinheiro para a mulher, o cachorro que esperava sentado num canto da sala aproximou-se e cheirando o pé direito do Jarbas, ergueu a perna esquerda urinando-lhe na meia preta.
A mulher meio constrangida disse:
- Não liga, seu Jarbas. Esse cachorro é ladrão. Só aprende na pancada.
Dizendo isso ela deu um de bico na traseira do pulguento que saiu ganindo.
Logo em seguida simulando um piripaque iniciou uma fala que fez Jarbas lembrar-se do Zé Lagarto um antigo assessor falecido em decorrência do câncer.
A voz lúgubre informou que o prefeito terminaria seu mandato e que seria reeleito com grande vantagem sobre seu oponente mais forte.
Feliz da vida Jarbas agradeceu e, saindo mais aliviado, esperou o dia amanhecer sentado num banco instalado na rua da Porta que ladeava o rio Tupinambicas das Linhas.


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