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cronicas-->O ZÉ TAPINHA -- 01/11/2004 - 19:52 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O ZÉ TAPINHA

Fernando Zocca


Edbar Canolesa , irmão do Van Grogue, no último dia do mês de outubro, à noite, comemorava a vitória do seu candidato, no boteco super movimentado de Tupinambica das Linhas. Apesar da alegria (na verdade, um tanto quanto que falsa) ele seria só mais um outro anónimo, dentre os inúmeros, na longa fila de espera dos empregos prometidos pelo vencedor.
A vitória do Jarbas fora já cantada anteriormente. Diversos fatores conducentes ao fenómeno, somaram-se na antevéspera do pleito. A seita maligna do pavão-louco (era um dos fatores relevantes), sentindo-se injuriada por alguns gozadores, mandou chamar lá do sertão (ele vinha lá do sertão) um vidente que, apesar do comportamento estrambótico, possuía dons premonitórios.
Seu nome era Zé Tapinha e, tinha essa alcunha por amar fazer pequenos afagos nos braços dos seus circundantes. Se fossem elas donzelas bonitas, melhor ainda. Ele não gostava mesmo era daquelas papadas imensas penduradas nas partes posteriores dos braços das gordas.
Zé Tapinha tinha uma barbicha rala. Sua testa expandida expelia gotículas de suor quando o bruto se punha a esforçar os músculos. Isso, ele e o Jarbas tinham em comum. O diferenciador entre eles era a persecução sofrida pelo candidato, agora eleito, que visava faze-lo devolver R$45.000,00 (quarenta e cindo mil reais) aos cofres de uma empresa.
Aquela testa ampliada, depois da certeza da vitória, nos grupos, onde comemoravam o ocorrido, por seus correligionários, foi até motivo pra debates que visavam descobrir as causas de tanta área deserta.
Alguns afoitos, chegaram a intuir ser aqueles cabelos esquisitos do prefeito, obra de arte cristalizada numa peruca dissimuladora. Os moleques de Tupinambica das Linhas não vacilaram em comparar, aquele território despovoado e liso, aos escorregas das crianças, existentes no Parque Infantil, da rua Colocadentes.
Aos que ousavam afirmar, ser aquela careca oleosa, escorregador de mosquitos da dengue, eram reservadas repreensões severas.
O pessoal acompanhante do Jarbas, tinha certeza que ele não mediria esforços no sentido de formar grupos de pressão a fim de que algumas Leis Federais injustas fossem revogadas ou derrogadas. Uma das que, certamente obteriam a maior simpatia do prefeito, era aquela conhecida como A Lei do Amancebamento. O objetivo principal, dessa regra, consistia em fazer o poder público, sustentar as filhas dos funcionários falecidos, até que atingissem a maioridade civil, se casassem ou se formassem em algum curso superior. Acontecia que a mulherada, por não ser boba, nem nada, esquivava-se do casamento amancebando-se, obrigando então o Instituto a sustenta-las até o fim das suas vidas, com as mesmas importàncias que receberiam seus pais, se fossem vivos.
Os empobrecidos da nação, sabiam ser necessário, ao mortal comum, descontar 8% dos seus salários, destinados ao Instituto de Aposentadoria. Essa subtração seria devolvida ao segurado, depois que se aposentasse. Dos funcionários da Instituição, não eram descontados nem mesmo um centavo dos seus vencimentos, durante todo o tempo de sua atividade profissional. Mas eles seriam aposentados (aqui residia a iniquidade), com pensões dez vezes maiores do que a dos segurados mais chinfrins.
Essa percepção do desequilíbrio, formava um sentido muito forte de injustiça, mantenedora da maioria subjugada pela escassez, enquanto que uma classe abastada, sufocada pelos excessos, sucumbia às doenças causadas pela super abundància.
A população da cidade sabia ser Jarbas um dos melhores expoentes da classe dos abastados. Em comparação suscinta, ele seria o senhor, lá no engenho, o coronel no sertão, o capitão-do-mato na senzala e o patrão mal pagador na empresa.
Alguns políticos de renome garantiam não conseguir o Jarbas chegar incólume até o fim do seu mandato. Outros também conhecedores profundos da história da cidade, sabiam que se ele chegasse, a população estaria francamente frustrada com a escolha equivocada que fizera.


Leia também da série Finalmente Tupinambica das Linhas se Ferrou: TARJAS FÚNEBRES, TARJAS FÚNEBRES II, A PACHEQUICE, ABRE TEUS OLHOS, JARBAS, O NÓ CEGO e O COLARINHO BRANCO DO JARBAS.


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