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Artigos-->O Consenso de Washington -- 03/11/2002 - 15:04 (Marcelo Rodrigues de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Consenso de Washington



Marcelo Lima





Em 1989, funcionários do governo norte americano, do FMI, do Banco Mundial, do BID e economistas latino americanos se reuniram em Washington para debater o futuro da América Latina. Esse encontro, promovido pelo Institute for International Economics, não tinha decisão deliberativa, mas tinha representatividade acadêmica suficiente para influenciar a mídia e, logo, a sociedade. Ele ficou conhecido como o Consenso de Washington.

O grande propósito era discutir quais ações econômicas estavam sendo utilizadas nos países latinos e o que poderia ser feito para que o neoliberalismo, isto é, o mercado alto regulável, pudesse ser cada vez mais disseminado.

A avaliação deste encontro resultou em dez pontos principais a serem aplicados no hemisfério: 1º - disciplina fiscal; 2º - priorização dos gastos públicos; 3º - reforma tributária; 4º - liberalização financeira; 5º - regime cambial; 6º - liberalização comercial; 7º - investimento direto estrangeiro; 8º - privatização; 9º - desregulação; 10º - propriedade intelectual.

Para entendermos isso, na prática, basta voltarmos ao governo Collor. Quando afirmava que os carros nacionais eram carroças, ele estava querendo dizer que havia chegado a hora de abrir as portas para os investimentos estrangeiros. Na verdade, ele fez mais do que criticar. O ex-presidente tentou seguir passo a passo os dez mandamentos do Consenso de Washington.

Collor procurou ser seu alto economista, buscando de qualquer maneira conter a inflação e preparar o Brasil para o investimento seguro do capital externo. Embora ele não tenha concluído seu mandato, a idéia de tornar o Brasil um balcão de ofertas atraentes continuou em voga na cabeça da direita brasileira

Outros dois pontos que ficaram subentendidos, no Consenso, foram à possibilidade de atrelamento das moedas locais ao dólar - a criação do próprio Real é um exemplo disso - e o incentivo cada vez maior para que o Estado perdesse o papel de arbitro em seu próprio território.

Está sendo orquestrada, há muito tempo, a idéia da falência do Estado. Quantas pessoas já não ouviram falar que o governo não é capaz de coordenar o mercado? Que toda empresa estatal deve ser privatizada? Não só ouviram como viram empresas como a Vale do Rio Doce ser praticamente entregue ao capital privado, por uma quantia inferior a o que realmente valia.

É bem comum hoje, assistirmos na tv, inserções comerciais onde a empresa privada mostra seus trabalhos na comunidade. Desta maneira ela prova que pode fazer com mais competência a tarefa que é de responsabilidade do governo, utilizando isso como marketing e mostrando a incompetência do Estado.

Surge uma pergunta: como um país pode aceitar a submissão econômica e intelectual desta maneira e deixar que decisões sérias como essas sejam tomadas de fora para dentro? Talvez a resposta precise passar por um estudo “psicológico” das elites brasileiras, para ver se existe o tão conhecido complexo de inferioridade latino.

O fato é que idéias neoliberais vêm sendo difundidas há mais de uma década. Criou-se nos países latinos uma dependência intelectual, entre estudiosos e até mesmo na mídia, de que a melhor saída para a crise é a abertura econômica. Defendem e divulgam a idéia de que a educação, saúde, distribuição de renda, só podem ser resolvidos pelo mercado. Um grande exemplo disso é a Fiesp, que em 1990, influenciada pelas idéias neoliberais, lançou um documento chamado “Livre para crescer – proposta para um Brasil moderno”.

Os oito anos de governo FHC vêm provar que o mercado não resolve nada por si só. Se não, como explicar o aumento do desemprego e da miséria, a diminuição da qualidade do ensino e da saúde?

Uma outra questão nesta discussão, mesmo para os que defendem o neoliberalismo, é explicar por que ao mesmo tempo em que os EUA pregam a diminuição do papel do Estado nos países latinos, eles reforçam sua força neste campo? Taxas e subsídios nunca estiveram tão em moda como agora sob o governo de George Bush. Essa é a política do “faça o que eu digo mas não faça o que eu faço”.

Logo no começo do ano que vem, o novo presidente terá de escolher entre rejeitar, aceitar ou admitir em termos a Alca. Não será uma discussão fácil, ainda mais para o Brasil, a maior economia da América do Sul. Mas uma coisa que nós devemos entender é que tudo o que aconteceu politicamente, economicamente e socialmente nos últimos anos, foram uma preparação para a sua implantação.

É bem provável que os EUA façam de tudo para fazer aprova-la. Existe uma certa pressão deste país, afirmando que se o Brasil não quiser participar ficará isolado dos outros países latinos. Mas o fato é que sem o Brasil não há Alca. Não existe interesse para os EUA explorarem somente os outros mercados. Não seria lucrativo o suficiente.

O Consenso de Washington vem provar que se tornou mais forte do que nunca. De um encontro ficou decidido o futuro de todos os países latinos e se a sociedade organizada de todos esses países não se opuseram à dominação economia pura e simples, perderemos muito mais que nosso mercado. O que estará em jogo é a nossa própria soberania.























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