Foi um massacre. Para acabar com um seqüestro de pessoas num teatro russo o presidente Wladimir Putin mandou a polícia jogar bombas de gás no prédio. Morreram mais de 50 terroristas chechenos, que se consideravam heróis da libertação nacional, e mais de 120 reféns.
Solução curta e grossa para uma questão política que abalava o nome do presidente, um general que passou pela experiência da ditadura socialista soviética, com muito gosto para o fascismo italiano.
Acidente de percurso? Usou gás? Prá que tanta violência? Não podia ter negociado?
O mundo fez um monte de perguntas e esqueceu que nos mesmos dias de crise na Rússia o governo Bush estava ameaçando invadir novamente o Iraque.
Bom, a Rússia não aprova o ataque americano, pois o Oriente Médio tem petróleo e os norte-americanos querem dominar todo o estoque mundial. Putin mandou o gás em cima dos chechenos.
Coincidência ou recado? Quem arrisca duvidar de um homem que é capaz de jogar um gás letal em seu próprio povo para impressionar os analistas internacionais?
Putin jogou gás nos chechenos ou nas narinas de Bush e seus asseclas loucos por uma guerra para gastar os estoques de material bélico armazenados à toa depois da guerra fria?
Ninguém sabe ao certo o posicionamento de Putin, mas é certo que Bush ficou impressionado com os quase 200 mortos na ação repressiva que acabou com a crise no teatro.
Ainda tem mais de 200 pessoas em estado delicado nos hospitais russos, e o gás demorou para ser identificado, até para evitar o tratamento. Sem um antídoto podem haver novas mortes.
Os norte-americanos precisam saber qual é o gás, para o caso de um ataque de terroristas que compram estas coisas no chamado "mercado negro das armas".
É por estas e outras coisas que o candidato direitista Enéas Carneiro, presidente nacional do Prona, fala tanto na necessidade do Brasil ter suas bombas atômicas. Se tem ou não razão é outra polêmica a ser abordada.
O fato é que Putin matou mais de 200 para mostrar a Bush que seu discurso não é retórica vazia.
Quem atira bombas letais no seu próprio povo pode fazer muito mais em terras estranhas.
Se depender de Putin e Bush, o Armagedon pode estar começando. Ou um novo tempo de relacionamento internacional.