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Poesias-->Desenho Urbano -- 03/05/2008 - 22:53 (MARIA CRISTINA DOBAL CAMPIGLIA) |
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DESENHO URBANO
PRAÇA II
Gritam as crianças e esperneiam
e a mãe tenta mostrar autoridade.
Espantam-se as gaivotas pela praça
sumindo com seus corpos como flechas...
No meio toca o sino de uma igreja
e o vento vem brincar com quem o deixa:
as folhas complacentes fazem roda
e a mãe já sem paciência, senta e chora!
CHUVA
Bailando como saias de estreantes
sombrinhas fazem vultos como bolhas.
Mulheres e senhores vão correndo
e um homem descompassa do cenário.
Carrega um pão molhado baixo a água
num passo cambaleante e atordoado.
E senta, como deus hipnotizado.
E come : seu manjar -por fim achado!
CÃO
Não tens provável nome nem bocado
nem noites enroscado aos pés do dono.
Chutado segues rumo sem contorno
mas voltas como alguém que perde o sono.
Quem sabe? Sintas cheiro muito antes
de alguém que por teus olhos se apaixone!
SENHORA
É forte e usa lenço no pescoço.
À porta ela sacode alguma coisa
e atira seu olhar entre os que passam.
Suspeita de uma turma que atravessa
achando que este mundo está acabado...
Os moços dão risada e se sacodem
com ares despenteados e sem dores.
E a dona, carregando seu tapete
de medo em recuada fecha a porta.
Espia : com seu monstro, que a consome!
TRENS
Passam;
carregando os assobios das idades
nesses trilhos que envelhecem
e se esvaem.
Acho que transportam as infâncias
junto às decepções e os amores.
Tem o sobrenome das cidades
e almas penduradas com temores...
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