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Contos-->O divergente -- 02/03/2001 - 22:43 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Residente naquele local havia mais de vinte e um anos Délio não podia conformar-se com as mudanças que presenciava. De fato o tempo passava célere e sua idade, sua juventude esvaia-se como água por entre os dedos. Aquela angústia vital tentava ele sublimar nas rodinhas de conversação. Procurava por todas as formas estar junto de alguém. Na verdade não suportava a sí próprio quando só. Era um saco ter de aturar-se. Percebia nas conversas dos amigos dos netos que já não entendia nada sobre o que falavam. Eram assuntos que ele ainda não tomara conhecimento.Uma tal de globalização, um não sei quê de Internet...cada coisa esquisita...
Seu trabalho ia de mal a pior. O seu papel lá no serviço público já era dispensável por conta das modernas tecnologias de vigilância. Câmeras e modernos sinais de alarme tinham o condão de serem mais baratos eis que não faltavam ao serviço, não apresentavam problemas como férias, descontos mil de FGTS e INSS.
Por isso dava-se ao hábito cada vez mais premente da ingesta de bebidas alcoólicas.
Acontece que seu modo de ver o mundo tornava-se cada vez mais conturbado. Não se controlava. Sua ira contra tudo e todos estava cada dia mais indisfarçável.
Como não tinha ousadia suficiente para abater-se diretamente sobre seus antagonistas procurava atingí-los no que tinham de mais estimado: a honra. Assim nosso personagem punha-se a falar mal dos desafetos em campanhas difamatórias durante seus raides etílicos pelos bares do bairro.
Mas como já estava conhecido e manjado, suas perorações não produziam aqueles efeitos esperados. Délio resolveu então que deveria chamar a atenção de outra forma. Atacaria de envenenador.
Assim municiado de medicação usada por um de seus netos, dissolvia os comprimidos e os misturava em pelotinhos de carne moída, jogando-os aos cães da rua durante os seus passeios matinais pela redondeza de sua casa.
Então foi que depois de mandar para os céus, com asinhas e tudo, uma dezena de pobres cãezinhos e não se incomodando com a própria consciência que o acusava, Délio passou a atacar os veículos dos seus adversários. Em sortidas noturnas armado com coquetéis molotov incendiava os bólidos que placidamente dormiam nas suas garagens.
Mas durou pouco esta sua vida de descontentamento. Foi preso pela polícia onde teve de confessar todos os crimes que praticara. E foi obrigado a dizer adeus aos seus hábitos nocivos. Mêses e mêses de solitária puseram um fim naqueles ânimos divergentes. Adeus à música sertaneja que tanto gostava. Adeus à cervejada nos finais de semana. Adeus às provocações e a incompreensão.
Quem sabe no final de sua pena estaria pronto para outra. Que é que sabe?
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