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cronicas-->O RACISTA -- 02/12/2004 - 10:55 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O RACISTA

Fernando Zocca



Os membros da seita maligna do pavão-louco usavam a coincidência dos numerais dos relógios, com os numerais das datas, idade, altura,número da casa, chapa de veículo, número de processo, como momentos em que sob consenso, e com identidade de propósitos, agiam praticando a opressão covarde e vil.
Jarbas, o prefeito caquético e testudo, respondia no processo 830, uma ação que visava a recuperação do dinheiro sumido, há muito tempo, no departamento de comunicação social da prefeitura.
Assim todos os dias, exatamente às 8:30 da manhã e da noite, seu telefone tocava sem que ninguém lhe dissesse nada. Os cães vizinhos punham-se a ladrar nesses horários e todos os membros da seita maligna do pavão-louco-e-do-cu-preto, faziam alguma coisa pra encher o saco do coitado.
Numa manhã ensolarada de domingo, um atleta de fim de semana, passou a pé defronte a casa do Jarbas; exatamente às 8:30, numa sincronia incrível, entre o horário, local e ocorrência fisiológica, arrebitou o bumbum e soltou um peido sonoro e fedido.
A pressão era exercida também nos dias similares ao da ocorrência dos fatos. Alguns ousavam afirmar que antes mesmo da percepção dos chiados das cigarras na próxima primavera, Jarbas teria contra si o pedido formal de impeachment decretado pela càmara municipal.
Muitas vítimas foram enlouquecidas com esse sistema, somado ao de furto de informações contidas nos escritos e textos, pelos imolados considerados ainda sigilosos e originais.
Em 1974 na cidade de Tupinambica das Linhas havia um sujeito que, além de gostar de assombrar porcos e vacas, no sítio onde lá ia, nos finais de semana, praticava também a magia negra. Para destruir um adverso ou daná-lo, o safado surrupiava, igual aos espiões industriais ou mesmo ao 007, informações usadas depois, pelos componentes da seita demoníaca, na atormentação do próximo.
Para exemplificar, ou trocando em miúdos, pode-se contar um caso verídico: havia na cidade uma pendenga, entre vizinhos, envolvendo a passagem por uma servidão. Um dos litigantes, corrompendo o empregado do mais forte, convenceu-o a informar-se sobre as anotações do seu patrão, revelando-as depois aos integrantes do centro mágico-de-derrubada-dos-bundões-e-chatos, que se encarregaria de arreliar os miolos do contendor.
O demandante descuidado, percebia que algumas pessoas ao passarem por ele olhavam ostensivamente ao relógio de pulso. Isso aconteceu durante uma semana. O pobre ingênuo não lembrava ter nos guardados um texto seu inédito que tratava do assunto.
Como o demandante não podia jamais conceber a existência de furtos dentro da sua própria casa, quedou-se quebrantado. Lá na seita malígna do pavão-louco-e-do-cu-preto, a alegria instalou-se, após o alastramento da notícia de que o casmurro fora atingido.
Nas repúblicas de estudantes, muito comuns na cidade, quando havia alguma antipatia, ou diferença mal resolvida, se não houvesse logo apelo à violência, ocorria inevitavelmente a bisbilhotice nas coisas do renegado.
Houve tempo em que até um ex-secretário municipal (político medíocre) da cidade andou lançando livros com base nas anotações furtadas dos desavisados.
A seita malígna-do-pavão-louco-e-do-cu-preto era formada por componentes incapazes de, por disciplina fazer algo meritório; eles conseguiam tudo, inclusive glória, pela subtração, e desonestidades mil, contra suas vítimas descuidadas.
Quando em grupo os membros da seita maligna do pavão-louco-e-do-cu-preto, usavam a técnica de, a relativa distància do insurreto, repetir uma ação, palavras, ou idéias previamente escritas ou ditas por ele; aguardavam o momento em que, pela sua expressão facial, percebiam a lembrança evocada, cabendo então, a outro elemento da quadrilha, a função de fustigar o crucificado com expressões tipo "louco", ou qualquer outra que o valesse.
Em resposta às afirmações de que era racista Jarbas rebateu: "Racista é Stewart Houston Chamberlain, que em 1899, publicou o livro Die Grundlagen des neunzelintien Jahrhunderts, com o qual afirmava a superioridade da raça branca."
Como só o Jarbas conseguia perceber ser o Brasil o único país do mundo onde o servidor público aposentado ganhava mais do que quando estava na ativa e notar também haver milhares de casos de pessoas que viviam mais tempo aposentadas do que viveram trabalhando, a pergunta era: conseguiria o Jarbas chegar ileso até o final do seu mandato?


Fernando Zocca é escritor, advogado e jornalista
Leia também da série Finalmente Tupinambica das Linhas se Ferrou: TARJAS FÚNEBRES, TARJAS FÚNEBRES II, A PACHEQUICE, ABRE TEUS OLHOS, O COLARINHO BRANCO DO JARBAS, ZÉ TAPINHA, JARBAS, O NÓ CEGO, A LOUCURA COLETIVA, O RELÓGIO e O CORAÇÃO.
Breve: O CHUVEIRINHO.







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