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Contos-->COISAS DA VIDA -- 19/03/2000 - 15:49 (João Luiz Gonçalves Paulino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Coisas da Vida

Todo dia era quase sempre tudo igual”Acordar,preparar o café do marido, lavar o alpendre, lavar o passeio, acordar o tavinho, ensiná-lo o dever de casa, preparar o almoço, arrumar o uniforme do menino, levá-lo para a escolinha, arrumar a cozinha, varrer e encerar a casa, Carlos fazia questão de chegar e encontrar a casa arrumada, afinal Rosa não tinha mais o que fazer e com que se preocupar, e ai dela se ele encontrasse uma coisa fora do lugar, ou cheiro de gordura pela casa. Em resumo, esta era a vida de Rosa. Seus momentos de prazer era; assistir, ou melhor, ouvir a novela das duas enquanto arrumava a casa, ouvir seu programa de rádio favorito aos domingos quando Carlos ia ao mineirão e a noite antes de dormir acompanhar o terço Bizantino pela televisão, oque não era sempre possível, pois quase todas as noites Carlos dormia em frente à televisão fingindo estar assistindo. Nos últimos dias eram raras as noites que dormia sem que antes levasse uma surra de Carlos, quando este não a surrava, era por que chegara em casa tão bêbado que mal dava conta de se manter em pé.
Rosa, católica convicta, praticante na medida do possível, era devota de Santa Rita de Cássia. Talvez, este era o seu segredo, a fé em Santa Rita lhe dava forças para acreditar em dias melhores. Aliás de certo modo, suas vidas pareciam ter algo em comum , pelo menos no que diz respeito a vida de casada, ambas eram infelizes e submissas aos maridos. Seu maior sonho era conhecer o Rio de janeiro, passear no Corcovado, conhecer o Cristo Redentor e ir a praia em Copacabana. Casou-se com a promessa de que esta seria a sua Lua de Mel, no entanto, por motivo de finanças não se realizou.
Certa vez, com o olho ainda roxo conseqüência de “uma queda no banheiro”, foi surpreendida com uma pergunta de Tavinho, que lhe serviu com um facada no peito.
- Mãe, você ama o papai ?
Rosa por alguns instantes pareceu perder a fala. Após o casamento, nunca mais havia pensado sobre isto, e justamente quem lhe perguntara, seu filho, a coisa que ela mais amava, fruto de uma coisa ela já não mais conhecia.
- Mãe, você ama o papai ? - repetia o menino.
Meu Deus, oquê Santa Rita responderia, pensou.
- Claro, meu filho, claro. Respondeu, mal podendo conter as lágrimas que umedeciam seu olho roxo.
Mas Carlos não fora sempre assim, nos primeiros dois anos de casado, parecia um marido exemplar. Todas as sextas e sábados , ele e Rosa saíam; dificilmente repetiam lugares, eram teatros, cinemas, restaurantes, visitas aos amigos, iam até à missa juntos aos domingos e por pouco, graças a um pedido de Rosa, Carlos não se tornou ministro da eucaristia. Carlos trabalhava numa empresa como torneiro mecânico, e logo quando completaria 10 anos de firma, foi mandado embora sem a menor consideração. Apartir de então, Carlos se tornara uma pessoa cada vez mais amarga, seu único prazer nos últimos anos era assistir os jogos do “galo” no mineirão. Atualmente trabalha como mecânico numa empresa de transporte.
Rosa estava terminando de arrumar a cozinha quando o telefone tocou, por um instante ficou sem ação, não era comum receber telefonemas, logo, pensou em desgraça, pensou em Tavinho.
- Alo, Rosa, sou eu meu bem, tenho uma ótima notícia para te dar, me espere linda como sempre. Eu te amo ! E desligou.
Rosa, foi tomada de um susto tão grande, que sua primeira reação foi tomar um copo d’água e rezar junto a imagem de Santa Rita de Cássia. O quê haveria acontecido, por que aquelas palavras tão doces ? Rosa mal conseguia pensar de tão assustada e de tanta dúvida.
Eram seis horas, Rosa escondida por detrás da cortina, observava Carlos chegando, Carlos dificilmente chegava antes das nove, a cervejinha com os amigos após o serviço era sagrada. Rosa mal abriu a porta e foi surpreendida por um buque de flores, as últimas flores que recebera, foi no dia do seu pedido de noivado. - Oquê é isto Carlos, oquê aconteceu ? Rosa perguntava repetidamente atônita em busca de uma explicação.
- Meu bem , tome um banho, apronte , que nos vamos jantar fora, mais tarde eu te conto a notícia, agora deixe eu tomar o meu banho, para não nos atrasarmos. E deu um Beijo em Rosa, como daqueles dos tempos em que eram namorados.
Rosa imóvel, ficou por entender. Seria um Sonho... ? Pensou.
Saíram à caminho da Cantina do Giovanni, o mesmo restaurante que freqüentavam nos tempos de namoro. Parecia impossível, mas Carlos voltara a ser aquele rapaz romântico, atencioso e educado com que Rosa apaixonara. Até o seu tom de voz havia mudado, falava de maneira doce e pausadamente, como se a cada palavra sua esperasse um comentário de Rosa, coisa tão incomum nos últimos tempos.
Enquanto ouvia Carlos contar casos e coisas do seu dia à dia, daquela maneira tão suave, Rosa pensava no quanto ainda amava seu marido. Bastaram alguns minutos de atenção, respeito, carinho e galanteios pra esquecer o quanto Carlos o fizera sofrer nos últimos anos. Mas por um instante uma dúvida pareceu quebrar todo aquele clima, Seria ainda amor o que sentia por Carlos , ou seria mais um momento de fraqueza ? Não importa, o importante que estava feliz , e aquele dia parecia ser o início de uma vida melhor. Então, como se desligasse por alguns instantes, fez uma oração para Santa Rita de Cássia, a santa das causas impossíveis.
Terminado o jantar, Carlos pegou na mão de rosa e disse:
_ Querida, sei que esta curiosa para saber qual é a notícia que tenho para lhe contar, pois saiba que apartir de amanha, começo num novo emprego, trabalharei para uma montadora de peças para automóveis como torneiro mecânico, finalmente voltarei a fazer o quê gosto e o que sei. E com o dinheiro que tenho para receber do meu atual emprego, passaremos uma semana no Rio de Janeiro e visitaremos todos os lugares com que sonhou. Pois então, não está feliz ?
Rosa não acreditava no que ouvia, não disse uma palavra, e como que num impulso lascou um beijo em Carlos que de tão intenso por pouco não caíram da mesa. Passaram o resto da noite fazendo planos, e depois de caminharem pela noite como dois novos namorados, foram para casa.
Mal entraram em casa, Carlos à pegou pelo braço e a conduziu até o quarto. Enquanto desabotoava-lhe o vestido, Carlos lhe murmurava palavras de amor. Naquela noite, eles se amaram como se fosse a sua primeira noite. Rosa nunca se sentira tão feliz e com medo de que tudo não passasse de um sonho, teve medo de adormecer.
Na manha seguinte, tomaram café juntos. Carlos estava eufórico e ansioso para começar no seu novo emprego. Rosa carregava um brilho nos olhos típico de mulher amada, e como toda boa esposa foi despedir-se de Carlos no portão.
Aquela manha, era como se fosse o primeiro dia de casada de Rosa, aquela noite foi como se lhe apagasse da memória todos os anos de sofrimento que passara no casamento, todas as esperanças de felicidade renasceram no coração de Rosa e, se por ironia do destino ela morresse naquele dia, morreria feliz , pois seus últimos momentos da vida foram de plena felicidade.
Porém, a felicidade de Rosa, durara pouco. Amigos de Carlos vieram-lhe avisar, a caminho do seu primeiro dia de serviço, Carlos fora atropelado. Morrera a caminho do hospital.
Ainda sob o estado de choque, Rosa tratou-se de providenciar o enterro. e ao se deparar com os documentos, assustou-se ao constatar a data do trágico acidente. Era dia de Santa Rita de Cássia, justo o dia que parecia ser o dia mais feliz da sua vida no entanto se tornara justamente ao contrário. Foi então que tomou uma decisão, pensando mudar completamente a sua vida. Apartir daquele dia, tornou-se devota de Nossa Senhora Aparecida.
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