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Erotico-->Na maçaneta, o sutiã -- 24/12/2001 - 12:10 (MIGUEL ANGEL FERNANDEZ) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Com o vestido na mão, procurou onde pendurá-lo. Na maçaneta da porta semi-aberta do grande guarda-roupa estava bem. Foi até ele e o fez. Compenetrada na performance que deslumbraria Lauro, não poderia perceber uma terceira respiração entrecortada e anelante que parou no instante de chegar perto do móvel.; menos ainda ao voltar-se na direção de Lauro, tirando o sutiã, conseguiria ver o brilho piscando em olhos escondidos no escuro de seu interior, esbugalhados de terror e ansiedade.
Lauro deitado, impaciente, aguarda Ana agora toda nua. Ela sabe disso e demora a chegar até ele e tomar o pênis entre as mãos. Ele fecha os olhos para sentir melhor os lábios molhados, a boca quente, que com regozijo o faz entrar e sair dela, fazendo "cócegas no céu da boca!, arrancando uma a uma as estrelas de sua constelação". (...) "Ele é meu! Sente, ele conhece sua casinha, entra e sai sem cerimônia, é seu lugar. Meu lugar. Então, o moleque safado é meu..." Sem soltá-lo, ela se desloca em nova posição, colocando a cabeça de Lauro entre as pernas. Agora é ela fechando os olhos e abrindo as narinas ao sentir a língua e os dentes dele festejando o encontro entre sua cavidade molhada e os pequenos lábios que acobertam o clitóris. Lauro sempre soube encontrá-lo, para alegria intensa de Ana. Mais dois olhos piscam somente quando importunados pelo suor caindo em pequenas gotas sobre eles, enevoando a visão que tem do casal. Treme a cama, Ana em cima de Lauro cavalga voluptuosamente, possuindo-o. No guarda-roupa, atrás do vestido pendurado de Ana, olhos molhados vão se fechando lentos, tremura nos lábios, mãos estreitam membro, únicas amigas de muitos anos de festas solitárias. "Você é meu, Lauro! Estou sentindo aquilo! E você? Espera mais um pouco, espera mais, assim, ai! Isso, Laurinho, mexe, mexe assim, meu... nosso. Nossa Senhora de Monte Serrat! Como é... como é bom, me beija... antes que... Laurinho, meu... maldito... benzinho..."
Ana foi despertando aos poucos. Antes de perceber que estava sozinha na cama, ouviu ao longe latidos e a voz de Lauro brincando com Rex. Ainda molhada de suor no corpo todo e de sêmen entre as pernas, espreguiçou-se lembrando do orgasmo e sorriu. Sem abrir os olhos, passou a mão na vagina e a levou ao nariz, cheirou a mistura de odores e não sentiu repugnância.; que bom, estava superando aquela bobaria. E nunca entenderia Jandira e seu pavor ao "monstro" habitando entre as pernas dos homens. Ela não, faria tudo de novo! Mas esperaria voltar a São Paulo, a mãe de Lauro podia pensar que... Abriu olhos e boca para bocejar, e então ficou estática ao ver Pedro de pé na sua frente, olhando-a compenetrado com aquele olhar. Instintivamente tentou se cobrir, olhou ao redor, viu o vestido lá longe e a porta escancarada do guarda-roupa, entendeu imediatamente. Pensou em levantar e apanhar o vestido assim mesmo.; pensou em chamar Lauro.; pensou em gritar para ele sair dali e "por favor" parar de olhá-la daquela maneira.; desse jeito pedinte! Ao perceber o vulto debaixo das calças, teve certeza que ele desejava o mesmo que o irmão acabara de fazer. Imaginou se dona Angelina o visse ou soubesse o que se passava, teria um ataque e Lauro morreria de vergonha. Já devia ter, por isso nunca falou dele, de seu desvario, dessa perturbação mental, parecendo criança que nunca cresceu, ficando lá em alguma idade infantil, solitário nessa indefinição entre homem e adolescente. Quem estava na sua frente devia ser o homem, com a coragem e o capricho do adolescente, ambos sofrendo por igual, rejeição e deboche de todos. Ambos implorando... "... atriz. Uma das mais exigentes, das mais cansativas profissões, aquela que exige da mulher o dom de si mesma de uma maneira generosa e por conseguinte custosa." Santa, sempre! Então, com aquela generosidade santista... "que não consegue sepultar a esperança..." abriu os braços e as pernas a ambos. E nunca contou aquilo a ninguém. E nunca mais voltou a Campinas nem comeu raviólis. E nunca mais falou de Pedro, até o dia em que soube da sua morte.

Fragmento de capítulo do romance de Miguel Angel Fernandez "A CENA MUDA"
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