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Erotico-->Nas Asas de Ícaaro -- 07/07/2004 - 09:41 (Maria Dalva Junqueira Guimarães) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
. Viajemos com Emiliana no tempo cronológico e psicológico por capítulos:

I - tricotando causos - É o tricotar com o tempo a roupa de vestir a mala de roupa.; com a expressão “sempre” e “`as vezes” de Clarice Lispector, Ma-dellon define sua preocupação com o tempo, indefinido, constante em sua vi-da. O personagem Emiliana, bem delineada: adolescente, filha mais velha, re-cém-chegada do interior dos Gerais é revelada de modo sutil pelo tempo: “Era junho...”, e, pela sede de domínio sobre o tempo, tanto em“reloginho ambi-cionado”, como pelo vocábulo “tempo” usado e repetido na linha seguinte sob conotações distintas : a) “...o pai, quase todo o tempo o adorava, com ou sem careca.”.; b) “A criança daquele tempo,... a menina da roça acreditava em cegonha e Papai Noel. Pena que senso de humor e adolescência sejam in-compatíveis” . Expressões como adolescência e menina da roça situam o tem-po emocional da narrativa o que dá início ao núcleo dramático da vida dessa pré-adolescente de nove anos, roceira, passando da hora de estudar e em clima de Natal, vacilando entre o sonho e o consumismo de cidade grande. É o co-meço da causa do serviço do poeta na fantasia como válvula de escape, a traje-tória do romance com mitos e ritos: a decepção pelo desamor do Papai Noel no tempo passado, a desconfiança do amor da tia no presente.
Anuncia a luta do futuro da narrativa alternado com episódios em flash back, nos primeiros parágrafos já se declara escritora: “Um dia, num tempo não tão distante, decidiu publicar seu primeiro livro - já na terceira adoles-cência...”. Assumindo a constância das inconstâncias vitais, em dilema, tran-sitoriedades, sendo pena, palavra na tela, bichos e no final da obra, Maria Ma-ria.
II - no rondó das estações - A narrativa é convicta dos ciclos na linha arbitrária da existência natural, mas usa a marca do tempo desde o começo: “Fevereiro/1960”. Década com episódios decisivos no balançar da história brasileira.; vendo hortênsias entre gregos e troianos.; encontrando com
turistas, tanto servos quanto croatas segue filosofando: “A mocinha cismava... sem pele de carneiro, sem a tinta do verniz... Não era nem folha de papel transparente, nem pergaminho.” “Só muito tempo depois passou a ser pena, palavra na tela, romance via internet... nas curvas dos tempos... Tempo sem tempo e sem espaço definidos... Não era fácil ser heroína e rejeitada... mege-ra... fada... fera!”

III - Emiliana - personagem mais forte do romance - assume o trabalho para, pelo e com o
tempo, pois embora metafórico, o vocábulo é usado desde o título: nas bar-rancas do tempo. O que denuncia as transformações dos personagens em tran-cos e solavancos, precavendo o crescimento do herói-mulher, como diria o bom mineiro: “o tempo cura queijo”- É a dinâmica do ser humano em eternos ciclos e reciclos e como os próprios barrancos, sujeitos a erosões e outros desmoronamentos. A narração se entremeia de dissertação sobre o amor, ou melhor, lição de amor, mais estritamente, sobre decepções amorosas. Até a perseguição ao tempo, o calendário semanal demonstra o desbarrancar da uto-pia: “Domingo de junho, ruas isoladas, os dias pareciam jardim coberto de neve”. Fecha o “nas barrancas do tempo”: Era a megera... A Bela Adormeci-da ... “ A fera no cio”.

IV - Continuam frias as circunstâncias no garimpo de sonhos. Há bateia e peneira para sustentar a safra da cata de utopia cultural cultuada pela cidade de São Francisco de Paula. A bateia é o tempo pela presença de datas de fun-dação, fatos como festas juninas, temporada de inverno, exemplo de irrivali-dade entre Canela e Gramado com temporada de verão. A peneira é o espaço, medido por quilômetros, regiões, climas, cidades e atrações turísticas, como por exemplo: Lago de São Bernardo, Parque das Cachoeiras, Monumento do Negrinho do Pastoreio, etc. Tempo e espaço de frustrações dos personagens, mormente as femininas do romance, ou melhor, as heroínas da vida.

V - destinos - Nas mãos do deus chamado destino cada personagem vai tecen-do seu determinismo nas asas ícaras do arbitrário professor tempo. A máxima preocupação da narrativa se acentua na urdidura das teias e tramas deste capí-tulo. Após o tom místico de “Era Domingo... depois da missa” aparece “Genésio, aviador” (imagem óbvia de Ícaro após Santos Dumont ) “príncipe encantado de Tia Giovana. Vinha e desaparecia num piscar de olhos... coisa rara naquele tempo”. “Emiliana ia e vinha no tempo: “Com o passar do tem-po ele...” e, “Algum tempo depois ...”. Emiliana é a personagem, para a qual o tempo é um convite a uma queda de braço com o destino*1.

VI - um vôo ao Planalto - Nesse vôo a narrativa é epigrafada por Fer-nando Pessoa (Alberto Caeiro): “O único sentido das coisas é elas não terem sentido nenhum”. Justamente o capítulo em que o vôo de início parece mais de arrasto (viagens por terra) e o tempo é mais objetivo porque sociológico, aparece o casal em lua-de-mel com segurança indo a Brasília e a personagem-narradora, com a avó, de carona com um “caminhoneiro moreno e bonito.
O vôo réptil do capítulo, ironia à paradoxal “Era JK- 50 anos em 5”, confronta-a à “Miragem de Dom Bosco”. Viagem-pesquisa-delação, lembrada para não esquecer, feita em caminhão, condensada num vôo. Parece de rastro sua viagem, mas é realmente coerente com o título, um vôo-denúncia da personagem-poeta retratando o fator tempo, que vale ouro, na pressa, inclusi-ve de mostrar o desastre de certas pressas.

VII - o mito/realidade de Lúcio - Para o bem comum, como Santos Dumont ao fazer o avião,
e fizera Davi a planta do templo de Israel com trabalho e poesia, para a huma-nidade. Assim Lúcio Costa foi Luz ao lado de Oscar Niemayer e toda a equipe de engenheiros, urbanistas, arquitetos, candangos, etc., neste mito da epopéia Brasília. A personagem Emiliana participa da inauguração da
Nova Capital do Brasil, cérebro, alma da Terra de Santa Cruz... cidade nasci-da sob o signo do otimismo apressado”.

VIII - cheiro de espera - Ou desespero para uma apressada e sonhadora personagem? Epígrafe de Stella Leonardos: “Coração/ às vezes ruges,/ galo-pas,/ investes/ e uivas/ de faminto desespero: "Providência ou coincidência a antítese irônica no capítulo (...) com o poema de Lília Portugal Magnavita: Aqueles Candangos....
IX - memórias de antanho - Flash back, volta ao tempo “cheiro de es-pera” em que Madellon põe e Emiliana tenta captar pela mente da persona-gem-protagonista mostrando todas as suas desventuras amorosas nas estradas e estadas de/em Brasília.

X - piquenique - Piquenique, propriamente dito não mais se faz, pois o progresso, desmancha “cachoeiras” e as que restam são para outras energias, não as do amor: “Numa dança frenética do senhor destino rude e implacável numa fatal contradança... das horas, a vida separou o casal... Caminhos... que desunem e voltam... em ritmo alucinante. A lei ambiciosa da vida matan-do inocência, envolvendo almas mais ou menos gastas”.

XI - marasmo do amor - Epigrafado por Maria Helena Chein:“A felici-dade é frágil, não resiste aos solavancos da vida”. Inseridas no tempo cinzen-to de ponteiros parados,“as horas pareciam barras de bronze”. Só o relógio de seu peito não parava de correr acelerado pela rasteira traiçoeira do pe-cado do amor”. Com tamanha antítese “pecado/amor” apela para o panteis-mo, à família, a formaturas, para o forno e fogão onde se atrapalha comple-tamente, sempre “faltando sal ou exagerando no açúcar” (sinais de ansieda-de e frustração).; os momentos alegres são vírgulas num emaranhado trágico, ansioso e estressante, de orações, parágrafos e capítulos de uma epopéia mo-derna. Romance. “Doer esperas”, e demostra o aprendizado anterior, refor-ça a idéia de um espaço-tempo abafado, justifica o título, “marasmo do amor”, não só num capítulo, porém todo tempo.
XXIII - nas asas de Ícaro de Madellon, por sua vez nas garras de Emili-ana com seu amor atravessando épocas nas asas e raízes da razão de Paulo Stenick, pode ser visitada na epígrafe, depois
com espaço estreito, capital das Alterosas a Brasília, o tempo foi escorregando entre a profecia do Professor Morato.; e tome uma aula sobre a carência donjo-anesca camuflando o medo de amar(...) "
PLACIDINA LEMES SIQUEIRA(escritora, Revisora de Textos, licenciada em Letras, com vários livros publicados)

Abra as páginas do Livro de Madellon, preiado pla Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos/2001, leia e redescubra "MADELLON E SEUS VÔOS NO IMAGINÁ-RIO FEMININO

A autora inicia seu discurso literário “tricotando causos”, passa pelos “rondó das estações” da vida e, “nas barrancas do tempo” começa seu “garimpo de sonhos”, marcando assim, os “destinos” de suas Mari(A)nas em seu romance Nas asas de Ícaro.
Essa obra de Madellon é a escritura de destinos de mulher. Destinos que se inscrevem na dinâmica da vida, em cujas pegadas o sujeito-mulher que es-creve se deixa extasiar diante da complexidade das relações femininas.
É uma narrativa que abrange vários núcleos de re-lacionamentos humanos que se entrecruzam, indi-cando o “vir-a-ser” das veleidades existenciais.
À galeria ampla das mulheres-personagens junta-se a dos homens, formando o cenário ficcional dos encontros e desencontros dos dois sexos. E aí sur-gem as “feridas do Ego” que se disseminam nas “latitudes dos sonhos”, evocados sobretudo pelo (in)consciente feminino. E Emiliana - personagem principal - surge “Toda Garbo. Toda Garça - Á-guia-Galinha!” - emoldurada, assim, pela voz nar-rativa. “Emiliana sempre viveu no mundo da fanta-sia”(...)".
MAGDA SHIRLEI C. ENGELMANN(Mestre e Doutoranda em Teoria da Literatura)
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