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cronicas-->A PADARIA -- 07/12/2004 - 03:18 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Depois da posse Jarbas, o caquético testudo, de barbicha rala, pós-se a matutar num problema que julgava estar atazanando as idéias de todos os demais membros da sua equipe de governo: o salário dos aposentados.
O caquético tinha um senso de justiça assaz exacerbado. Por isso considerava muito injustas as diferenças existentes entre o que recebiam os ex-trabalhadores rurais e seus contemporàneos do executivo e mesmo do legislativo.
O prejuízo da Caixa de Aposentadoria da cidade ultrapassava a casa dos milhões de reais. Jarbas já havia identificado a causa da existência do desequilíbrio entre o que a instituição recebia e pagava: Era Lei do Amancebamento. O objetivo principal, dessa regra, consistia em fazer o poder estatal, sustentar as filhas dos funcionários públicos falecidos, até que atingissem a maioridade civil, se casassem ou se formassem em algum curso superior. Acontecia que a mulherada, por não ser boba, nem nada, esquivava-se do casamento amancebando-se, obrigando então o Instituto a sustenta-las até o final das suas vidas, com as mesmas importàncias que receberiam seus pais, se fossem vivos.
Na cidade super conhecida do Brasil, o servidor podia acumular mais de uma aposentadoria. E a molecada, neta dos velhos funcionários, tinha o direito às bufunfas deixadas pelos vovós, quando estes embarcavam pro além. Além de favorecer pessoas que não produziam, o instituto deixava de vitaminar as pensões dos aposentados mais humildes.
Jarbas, estava vivenciando outro problema: sua memória pifava. Assim depois de receber uma dezena de parceiros, componentes daquela reunião semanal, onde tratariam das questões iniciais de um novo empreendimento na prefeitura, viu-se ele, o coitado, em saia justa, eis que não se lembrava mais das feições e nomes dos presentes, logo em seguida às suas apresentações. Fazendo uma confusão danada, o alcaide percebeu-se em dado momento, de joelhos, com a padaria arrebitada, aos pés de um presidente de centro comunitário.
Um dos seus assessores, mais barrigudo que botijão de gás, ao ver a cena, arregaçou as mangas daquela sua camisa azul berrante e, afastando a serviçal loura (seus cabelos estavam armados e pareciam muito secos), tentou levantar o prefeito magriço.
A balbúrdia e confusão estavam formadas. Tonto, o alcaide sonso pediu desculpas e, pensando logo em safar-se daquele povo louco, disse que deveria sair rapidinho: precisava passar na padaria Pão do Léu, de onde com a carona, no seu carrão importado, levaria de volta pra casa, os dissabores daquela sua união ilegítima.


Fernando Zocca é escritor, advogado e jornalista
Leia também da série Finalmente Tupinambica das Linhas se Ferrou: TARJAS FÚNEBRES, TARJAS FÚNEBRES II, A PACHEQUICE, ABRE TEUS OLHOS, O COLARINHO BRANCO DO JARBAS, ZÉ TAPINHA, JARBAS, O NÓ CEGO, A LOUCURA COLETIVA, O RELÓGIO e O CORAÇÃO.
Breve: O CHUVEIRINHO.





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