Na casa do pó vive uma menina chamada Elenca que tem na boca um sorriso cuja origem deve ser africana.
Elenca estava acordada quando a polícia chegou e tirou a mãe dela da cama. Ficou muito triste, mas logo voltou a ser criança e já estava brincando de viver.
Sabe que a mãe está presa porque mexia com drogas. Agora ficou com a avó. Às vezes Elenca canta uma cantiga muito antiga que fala de um bosque que se chama Solidão.
A avó é uma mulher gorda muito bondosa que cria a Elenca como se fosse uma neta, melhor ainda, como se fosse uma filha.Não é a avó de verdade. É a avó do coração.
Elenca sabe que uma criança pode nascer do ventre de uma mulher e ser filho natural, mas quando uma criança nasce no coração de alguém é ainda mais importante.
Elenca é uma menina feliz, mas a avó fica muito triste com ela e já falou que vai colocá-la num colégio interno porque todo dia abre a mochila de algum colega e pega o lanche. A sua felicidade é indescritível quando está no recreio comendo, mas como o dono do lanche sempre chora, a professora fica muito brava com ela.
O problema é que também anda pegando tesoura, lápis de cor e outros materiais dos colegas.
É impressionante a sua agilidade, pois nenhum colega vê quando ela pega as coisas da mochila, mas quando descobrem, que choradeira!
A avó jurou que se for chamada novamente na escola vai desistir da Elenca.
Como qualquer criança, Elenca gosta de animais e ficou muito triste no dia em que o motoqueiro arrancou com uma pedrada um olho da cachorra La Toya.